quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Parapsicologia na União Soviética

Em 1968 duas pesquisadoras americanas foram selecionadas para percorreram a Rússia, Bulgária e a Checoslováquia e estudar os programas de intensa pesquisa parapsicológica que estavam sendo realizados nestes e em outros países soviéticos. Sheila Ostrander e Lynn Schroeder contam em seu dossiê, “Experiências Psíquicas além da Cortina de Ferro” o que descobriram e falam de Telepatia, Hipnotismo, Psicossomática, Precognição, Psicocinese, Auras de animais e plantas, Acupuntura, Levitação, Rabdomância etc., e o que ingenuamente denominamos “PES” (percepção extra-sensorial).

Tudo pesquisado com financiamento do governo de países ditos materialistas dialéticos, ateus confessos, por isso mesmo isentos de quaisquer preconceitos religiosos e cujo único objetivo era a utilização prática de poderes que todos nós possuímos, e que a ciência ocidental trata com desprezo como lenda.

Experiências Psíquicas além da Cortina de Ferro

O ocidental comum junta tudo o que não aprendeu a definir como espiritual ou científico numa grande cesta e depois corta em pedacinhos, para ajustar às suas preferências. Quando surgem assuntos que não parecem se encaixar em uma explicação pragmática ou espiritual, simplesmente nega sua existência.

Assuntos como esses que antigamente eram tratados como metafísica, hoje são simplesmente “psíquicos”.

Diferentemente do que dicionários classificam como “psíquicos”, e diametralmente opostos a eles, os assuntos que aqui serão discutidos são em todos os sentidos, não somente susceptíveis de observação científica, como de investigação tecnológica. Todos eles foram investigados na União Soviética.

Quando, em 1959, o submarino atômico Náutilus da marinha americana atravessou submerso o gelo da calota polar ártica, um jornal francês noticiou que cientistas americanos haviam feito experiências bem sucedidas de contato telepático com base naval nos Estados Unidos, estando separados por milhares de quilômetros de distância e debaixo de uma centena de metros de gelo. A marinha americana negou veementemente que tal fato tivesse acontecido, veemência já por si só suspeita.

Este fato, entretanto, não passou despercebido aos cientistas russos, que já naquela época vinham fazendo algumas experiências, principalmente procurando utilidade prática, inclusive militar, para alguns conhecidos videntes e médiuns dentro da Rússia.

Enquanto o mundo ocidental ridicularizava até pesquisadores eruditos sérios (exemplo, o Dr. J. B. Rhine, o primeiro a utilizar a palavra “Parapsicologia”), na União Soviética cientistas ilustres, físicos, químicos, filósofos, sociólogos, usando dinheiro público, iniciavam estudos profundos nessa ciência psíquica, ocidentalmente desprezada.

Em 1967 a telepatia pulsou em código entre Moscou e Leningrado, enquanto um sofisticado equipamento da idade espacial controlava o cérebro do receptor. Dizem os cientistas soviéticos que foram capazes de decifrar a mensagem com a ajuda das máquinas; dizem que foram capazes de transmitir palavras telepaticamente de uma mente a outra numa distância de 640 quilômetros.

Em outras partes da Rússia, revistas técnicas e universidades relataram coisas ainda mais surpreendentes do que a telepatia verificada por computadores. Publicaram fotografias de belas luzes coloridas que tremeluziam sobre o corpo humano e em torno dele. Seria esta a "aura" de que os médiuns falam há tanto tempo? "Acendem-se chamas elétricas, depois luzes azuis e alaranjadas. Grandes canais de clarões resplandecentes, roxos, ígneos. É fantástico, fascinante, um jogo misterioso — um mundo de fogo!" - bradavam cientistas geralmente circunspectos. De acordo com os soviéticos, eles inventaram uma máquina que permite a qualquer um ver a aura lendária e colorida, normalmente visível apenas para os médiuns.

No Báltico, geólogos soviéticos caminhavam com varas hidroscópicas; nos Urais fizeram experiências com a visão sem olhos; junto do Mar Negro estudaram as mãos de um médium curador. A parapsicologia, que dez anos antes não existia, entrou a florescer, de repente, em toda a URSS.

Uma cadeia inverossímil de acontecimentos levou as autoras da obra citada, durante um período de três anos, a enredar-se nesse pasmoso renascimento da pesquisa psíquica num país comunista. À parte os livros, artigos, peças e poesias que cada uma delas escrevia em campos muito diferentes, durante vários anos escreveram artigos sobre a União Soviética. Uma delas percorrera extensamente a Rússia em 1961 numa excursão de estudantes graduados. Seus artigos não focalizavam a política da Cortina de Ferro, mas a vida por detrás das cortinas de rendas da Rússia de todos os dias. Se a coexistência com os soviéticos era necessária, parecia-lhes razoável tentar conhecer alguma coisa a respeito deles.

Nos jornais e revistas soviéticas puderam encontrar um material sumamente insólito sobre a vida na Rússia — artigos sobre fenômenos psíquicos. Cientistas soviéticos perguntavam publicamente: Que é o homem? Possuímos, acaso, potencialidades não usadas e não sonhadas? Poderá a parapsicologia derreter as barreiras e criar o ser humano supernormal? Tais eram as fascinantes perguntas que se liam nas publicações soviéticas.
Em 1966 a prestigiosa revista Ciência e Religião publicou um número especial, o N.° 3, sobre as pesquisas levadas então a cabo na Rússia, no campo da telepatia. Soviéticos notáveis reclamavam novas investigações nesse campo. Entre eles figuravam: o Dr. Nikolai Semyonov, detentor de um Prêmio Nobel de Química e vice-presidente da Academia de Ciências da URSS; acadêmicos como o Dr. M. Leontovich, o Dr. A. Mints, o Dr. P. V. Rebinder, importante físico-químico; o Dr. Gleb Frank, diretor da "Cidade da Ciência" de Puschino, perto de Moscou. Filósofos marxistas manifestaram-se com clareza meridiana. "Todos os que criticam a pesquisa sobre a telepatia estão apenas utilizando o marxismo-leninismo para amparar o seu conservantismo científico. Todos os que colocam obstáculos no caminho do progresso científico deveriam pagar por isso", trovejou o Dr. V. Tugarinov, chefe do Departamento de Filosofia da Universidade de Leningrado.

De Rasputin a Wolf Messing

Uma das causas da derrocada da família imperial russa, que culminou com a Revolução Comunista de 1918, foi sem dúvida nenhuma a influência exercida sobre ela pelo místico siberiano Gregoire Ifimovitch Rasputin, que, dizia-se, era capaz de controlar mentalmente a czarina Alexandra (assim como outras pessoas, principalmente do sexo feminino). Foi também uma das causas alegadas pelo Conde Felix Yusupov para matá-lo como nos conta em seu livro “Como Matei Rasputin”.

Inegável a queda do povo russo pelas questões psíquicas, muito embora os revolucionários que transformaram a Rússia no pilar central do materialismo dialético se esforçassem por destruir essas tendências ditas pouco racionais.

Em 1940 o então todo-poderoso ditador da União Soviética Joseph Stalin convocou para uma reunião um telepata polonês, já conhecido em todo o mundo como médium de poder, que havia sido testado na época por Einstein, Freud e Gandhi. Stalin ouvira falar na capacidade que Wolf Messing tinha de projetar telepaticamente o seu pensamento no espírito de outra pessoa e, por assim dizer, de lhe controlar ou embaralhar a mente.

Planejando utilizar as faculdades peculiares do médium, Stalin ordenou uma prova direta do talento de Messing. Este teria de realizar um assalto psíquico a um banco e tirar 100.000 rublos do Gosbank de Moscou, onde ninguém o conhecia.

– Dirigi-me ao caixa e estendi-lhe um pedaço de papel em branco, arrancado de um caderno escolar, – diz Messing. Em seguida, abriu uma pasta e colocou-a sobre o balcão. Depois, ordenou mentalmente ao caixa do banco que lhe entregasse a enorme soma de dinheiro. O idoso funcionário olhou para o pedaço de papel. Abriu o cofre e dele retirou 100.000 rublos. Messing ajeitou as notas na pasta e saiu. Foi encontrar-se com as duas testemunhas oficiais de Stalin, encarregadas da experiência. Depois que estas constataram que a prova tinha sido satisfatoriamente realizada, Messing voltou ao caixa. Quando começou a devolver os maços de notas, o funcionário do banco olhou para ele, olhou para o pedaço de papel em branco que ainda estava sobre a sua mesa e caiu ao chão, vítima de um insulto cardíaco.

Felizmente não era fatal, diz Messing.

Teríamos pensado muita coisa a respeito de Stalin, menos que fosse um pesquisador psíquico. Esses relatos extraordinários não saíram da Rússia contrabandeados, transmitidos à surdina. Os próprios soviéticos os publicaram na importante revista, “Ciência e Religião”, como parte da autobiografia de Messing, “Sobre mim Mesmo.” O simples fato de haverem passado pelos censores políticos e pela política ateística oficial constitui boa prova da sua validade. Em “Sobre Mim Mesmo” Messing observa que teve muitos encontros com Stalin.

Não apenas para Stalin, mas para um vasto número de soviéticos, Wolf Grigorevich Messing foi uma criatura brilhante, uma espécie de superastro conhecido em todos os níveis da sociedade, uma figura lendária, por mais de um quarto de século. O nome é familiar até para célebres cientistas. O detentor russo do Prêmio Nobel de química, Dr. Nikolai Semyonov, disse em Ciência e Religião, em setembro de 1966:

"È muito importante estudar cientificamente os fenômenos psíquicos de sensitivos como Wolf Messing".

Há sobejos motivos para a lenda, além do endosso "testado por Stalin".

Messing conta como tudo começou.

Sendo a família de Messing pobríssima, porém excessivamente religiosa, Wolf, aos seis anos de idade, graças à sua memória prodigiosa, conhecia muito bem o Talmude. O rabino decidiu que o garoto cursaria uma escola religiosa a fim de preparar-se para o rabinato. A família ficou entusiasmada com a oportunidade que se oferecia ao filho, mas Wolf recusou-se terminantemente a ir para a escola.

– Foi então que aconteceu o primeiro milagre em minha vida, recorda Messing. Meu pai me mandara à venda comprar um maço de cigarros. Já era lusco-fusco. A entrada da nossa casinha de madeira estava escura. Subitamente, surgiu no degrau uma figura gigantesca, escura, toda vestida de branco.

“Meu filho! Sou um mensageiro vindo lá de cima para predizer o seu futuro! Vá à escola! As suas orações agradarão ao céu!. .”.

E a visão desapareceu.

"Seria difícil transmitir a impressão que essas palavras causaram aos sentimentos nervosos e místicos de um menino", continua Messing. “Foram como o brilho do relâmpago, o troar do trovão. Caí ao chão e perdi os sentidos”.

“Quando tornei a mim, meu pai e minha mãe liam orações por mim. Lembro-me dos seus rostos conturbados. Mas depois que me recuperei, ficaram mais calmos. Contei-lhes o que acontecera. Fingindo tossir, papai murmurou”:

“Quer dizer que Ele quer. .”.

“Minha mãe permaneceu em silêncio”.

"Depois desse pasmoso incidente, eu não poderia continuar resis­tindo", confessa Messing. E, obediente, foi para a escola religiosa, em outra aldeia.

O menino, porém, não se sentia feliz com uma vida de orações. Aos onze anos, com dezoito centavos no bolso, partiu para o mundo desconhecido no primeiro trem que passou por lá. Enfiou-se debaixo de um banco num vagão quase vazio e adormeceu.

Eu, naturalmente, não tinha passagem, prossegue Messing.

“Rapazinho, ainda posso ouvir-lhe a voz nos meus ouvidos, a sua passagem.. “.

"Nervosamente, tensamente, estendi-lhe um pedacinho de papel sem valor algum, arrancado de uma página de jornal. Os nossos olhos se encontraram. Com todas as minhas forças, eu quis que ele aceitasse o pedaço de papel como uma passagem. ”O chefe do trem pegou-o e, de um modo estranho, virou-o e revirou-o entre as mãos. Eu recuei, procurando impor a minha vontade. Ele enfiou o pedacinho de jornal entre as mandíbulas pesadas do perfu­rador. E, devolvendo-me a "passagem", perguntou-me:

“Já que você tem passagem, por que está aí debaixo do banco? Levante-se! Dentro de duas horas chegaremos a Berlim”.

"Foi a primeira vez em que se manifestaram os meus poderes de sugestão mental", declara Messing.

Em Berlim, Wolf Messing conseguiu um emprego de mensageiro no bairro judeu. Levando um embrulho para um subúrbio da cidade, um dia, desmaiou de fome numa ponte. Sem amigos, longe de casa, foi levado para um hospital. Sem pulso, sem respiração, o corpo frio, Messing foi conduzido ao necrotério. Teria sido enterrado numa vala comum não fora a interferência de um estudante de medicina, que notou nele um batimento cardíaco fraco, muito fraco. Era quase im­perceptível, infreqüente, mas era um batimento.

Até como "cadáver" Messing tinha uma aura teatral. Segundo os melhores scripts de filmes de terror, o pulso e os batimentos cardíacos, gradativamente, voltaram a normalizar-se e, três dias depois, ele recuperou os sentidos. No hospital, o Dr. Abel, psiquiatra e neuropatologista, explicou que o seu fora um caso raríssimo de letargia.

"Não somente devo minha vida ao Dr. Abel, mas também o des­cobrimento e o desenvolvimento das minhas capacidades psíquicas", es­creve Messing em sua autobiografia.

– Você tem a capacidade da catalepsia auto-induzida, assim como a capacidade paranormal – disse-lhe Abel. A catalepsia é o gênero de vida suspensa que os iogues altamente treinados demonstram às vezes.

O Dr. Abel inspirou a Messing a confiança em seus poderes psíquicos. Com a ajuda do Dr. Schmidt, um colega psiquiatra, e da esposa de Schmidt, Abel exercitou Messing na telepatia.


Telecinésia de Mikhailova

Em julho de 1968, a revista francesa Planete registrou importante conferência sobre ESP realizada em Moscou em fevereiro daquele ano. Muitos dos mais notáveis cientistas da URSS ocupados em pesquisas sobre o paranormal estavam lá. "Explosiva!", foi o comentário de Pla­nete. "A ciência soviética parece haver tomado a frente nas pesquisas sobre a parapsicologia!" Nessa reunião, importantes cientistas russos revelaram trabalhos amplíssimos, atualíssimos, sobre telepatia, que então se faziam em muitos centros.

Infelizmente, essa conferência foi truncada por manobras, aparentemente do neo-estalinismo russo, e as duas pesquisadoras que escreveram o livro não puderam assistir no momento a parte mais importante, que era um filme sobre as habilidades psíquicas da maior paranormal russa, Nelya Mikhailova.

Isso, infelizmente não apareceu no noticiário ocidental. Porém, com a boa-vontade da Embaixada Tchecoslovaca e o empréstimo de um projetor de 35 mm em uma de suas salas foi possível a exibição.

Os projetores zuniram e, finalmente, pudemos ver o famoso filme de Mikhailova sobre o PK.

Vimos na tela uma mulher de quarenta e um anos, ainda jovem, cheia de corpo, atraente, de rosto franco e olhos escuros e expressivos. Dir-se-ia quase que ela poderia ser parente do cosmonauta Yuri Gagarin, com os seus traços tipicamente eslavos – pômulos salientes e nariz arrebitado. Trazia os cabelos escuros penteados para trás, formando um coque, uma blusa de rendas sem mangas e uma saia simples.

A Sra. Mikhailova estava sentada a uma mesa grande, redonda e branca, diante de uma janela de cortinas de rendas. Disseram os russos que ela já fora examinada por um médico, que a submeteu à ação dos raios-X para certificar-se de que não havia objetos nem ímãs escondidos em sua pessoa, nem fragmentos de shrapnel alojados em seu corpo em conseqüência dos ferimentos recebidos na guerra. Mas não encontraram coisa alguma.

Os cinco homens da turma de cinegrafistas, mais os cientistas e repórteres se aproximaram. Naumov colocou diante de Nelya uma bússola adaptada a uma pulseira, um cigarro em posição vertical, uma tampa de caneta, um cilindrozinho de metal semelhante a um saleiro, e uma caixa de fósforos em que se via representada uma espaçonave lunar – versão figurativa do espaço externo em confronto com o espaço "interno". Os objetos, brilhantes, contrastavam com a mesa clara, como uma natureza morta de Dali à beira do sobrenatural.

Os olhos escuros de Mikhailova concentraram-se na bússola – o objeto mais fácil para iniciar o aquecimento preliminar. O PK é mais fácil com objetos que rolam, dizem os pesquisadores ocidentais. Com relógios e bússolas não há fricção estática. Mikhailova leva, às vezes, de duas a quatro horas para revelar os seus poderes sobrenaturais, disse Naumov em seu comentário, enquanto assistia ao filme mudo. Nelya manteve os longos dedos paralelos à mesa, uns quinze centímetros acima da bússola e entrou a agitar as mãos num movimento circular. O esforço lhe acentuou as covinhas do rosto. Passaram-se vinte minutos. O seu pulso, acelerado, batia 250 vezes por minuto. Ela virava a cabeça de um lado para outro, os olhos fitos na agulha da bússola. As mãos se moviam como se estivesse dirigindo uma orquestra invisível. E, logo, como se os átomos da agulha da bússola estivessem sintonizados com ela, a agulha estremeceu. Lentamente, co­meçou a girar em sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, girando como o ponteiro grande. Depois, toda a bússola, com o invólucro de plástico, a correia de couro e tudo o mais, principiou a rodopiar.

À medida que toda a bússola andava a roda, como um carrossel, as linhas debaixo dos olhos de Mikhailova se escureceram e as rugas da testa se aprofundaram, com a intensidade do esforço. Ela caiu para trás, exausta.

– A quantidade de poder que ela possui também depende das condições atmosféricas – observou Naumov. – O seu poder de PK diminui quando o tempo se enfarrusca.

No filme, Naumov espalhou o conteúdo de uma caixa inteira de fósforos sobre a mesa, a uns trinta centímetros, mais ou menos, de dis­tância de Nelya. E depôs um cilindrozinho de metal não magnético e uma caixa de fósforos perto deles.

– Ela é seletiva – explicou Naumov. – É capaz de mover um ou dois objetos do grupo.

Mikhailova tornou a descrever círculos com as mãos acima dos objetos. O esforço fazia-a estremecer. Debaixo do seu olhar todo o grupo de fósforos se moveu, como numa corrida de toras num rápido rio de energia. Ali perto, o cilindro metálico também se mexeu. Ainda misturados como se estivessem formando uma jangada, os fósforos che­garam até a borda da mesa e, um por um, caíram ao chão. Naumov pôs outro punhado de fósforos e uma caixa de metal não magnético dentro de um grande cubo de plexiglass. O cubo destinava-se a eliminar a possibilidade de correntes de ar, fios ou arames. As mãos de Mikhailova afastaram-se alguns centímetros do cubo de plexiglass e os objetos come­çaram a saltar de um lado para outro no interior do recipiente plástico. Fosse qual fosse aquela energia, o certo é que ela penetrava com facilidade o plexiglass.

Mikhailova estava esgotada. Já perdera um quilo e meio naquela meia hora. Dir-se-ia que estivesse convertendo em energia a substância do próprio corpo. Muitos médiuns ocidentais também acusaram essa perda de peso durante as experiências de PK.

Como é que Mikhailova consegue viver com fatos como esses ocor­rendo constantemente à sua volta?

– Até há poucos anos eu não sabia que era capaz de mover as coisas à distância – disse ela. – Fiquei muito perturbada e nervosa nesse dia. Eu caminhava na direção de um guarda-louça no meu apartamento quando, de repente, um jarro que estava no guarda-louça chegou até a borda da prateleira, caiu e quebrou-se.

"Depois disso, todos os tipos de mudança começaram a acontecer no meu apartamento", conta ela. Objetos pareciam "atraídos" na sua direção, como se o inanimado se houvesse animado. Dir-se-ia que ela tivesse um trasgo em casa. Habitualmente, dizem os cientistas, as atividades de trasgos são causadas por um jovem da família – quase sempre na época da puberdade. Os objetos parecem mover-se por conta própria – portas e janelas se abrem e fecham, luzes se acendem e apagam sozinhas, as leis da gravidade dão a impressão de haver-se invertido.

Mas, à diferença da maioria das pessoas atormentadas por um trasgo, Nelya compreendeu, de chofre, que a "força" vinha dela. Des­cobriu que podia controlá-la. Podia fazer que as coisas acontecessem pelo simples fato de querê-lo. Podia concentrar e focalizar à vontade essa energia extraordinária. Em casa, com a família, carregando o neto no colo, fez um brinquedo distante aproximar-se. Enquanto uma amiga a manicurava, ela fez que um vidrinho de esmalte se movesse sem tocá-lo com as mãos, em que o esmalte ainda não secara. O cachorro da família também via, pasmado, os objetos perto da sua dona começarem a girar. O marido, fascinado, fez um filme amador com base nos seus estranhos poderes de PK.

– Acho que herdei essa capacidade telecinética de minha mãe – diz Mikhailova. – E também a transmiti a meu filho


Nelya Mikhailova não surgiu como médium consumada de PK no cenário científico soviético. Alguns anos antes, estivera convalescendo de uma doença num hospital de Leningrado. Para passar o tempo, dedicou-se ao bordado. Certo dia, quando a enfermeira lhe trouxe uma sacola de meadas de várias cores, Nelya, sem olhar, enfiou a mão na sacola. Queria uma linha vermelha, outra amarela e outra verde. Quando retirou a mão do fundo da sacola, eram essas as cores que estava segurando. Num relance, compreendeu que as escolhera entre muitas meadas misturadas dentro da sacola, sem as ver. De uma forma ou de outra, a sua mão reconhecera as cores.

Voltando para casa, viu um artigo de jornal a respeito de Rosa Kuleshova, que, dizia-se, era capaz de "ver" as cores com as mãos. "Também posso fazer isso!" pensou Nelya, agitada. Precisando submeter-se a um exame médico, mencionou a idéia aos seus médicos, os Drs. S. G. Feinburg e G. S. Belyaev. É uma das típicas ironias da ciência que o Dr. Feinburg, cético confirmado a respeito da "visão sem olhos" e da capacidade psíquica em geral, acabasse sendo um dos primeiros confirmadores da existência de tais aptidões.

O descobrimento dos seus novos talentos não tardou a levar Nelya a um dos maiores fisiologistas da Rússia, o Dr. Leonid Vasiliev. O Dr. Vasiliev realizou meticulosas experiências sobre a sua capacidade e fez que ela demonstrasse os seus dotes paranormais diante de dezenas de cientistas. Em 1964, convocou-se uma conferência especial de notáveis cientistas para assistir à demonstração de Mikhailova e, de acordo com o número de janeiro de Smena, a conferência foi um sucesso.

O Dr. Vasiliev entrou a fazer conjeturas sobre como poderia ocorrer a visão cutânea. Se as mãos de Mikhailova podiam "ver", era possível que estivessem emitindo alguma espécie de energia "X". Ora, se havia uma energia, ela talvez pudesse fazer outras coisas além de ver sem olhos. No meio de uma experiência de visão cutânea com Mikhailova, Vasiliev se lembrou de que um famoso pesquisador grego, o Dr. A. Tanagras, descobrira que um dos seus pacientes era capaz de fazer girar a agulha de uma bússola mantendo as mãos acima dela. Na inspiração do momento, Vasiliev arranjou uma bússola, colocou-a diante de Nelya, e animou-a a tentar. Ela nunca experimentara fazer isso antes e, naturalmente, não tivera a oportunidade de preparar-se com antecedência para o teste. Estendeu as mãos sobre a bússola e ali as conservou. A agulha moveu-se. O Dr. Vasiliev descobrira uma talentosa portadora de PK! Daí por diante executou uma série de experiências de PK. Logo descobriu que Mikhailova, por meio do PK, era capaz de mover também outros objetos a distância. Nelya Mikhailova, a mocinha que estivera na frente de batalha durante o cerco de Leningrado, via-se agora na frente de outra luta, para descobrir novos potenciais do ser humano. Fez inúmeras demonstrações de PK para cientistas. Em certa ocasião, pesquisadores universitários lhe pediram que modificasse o curso da areia numa ampulheta. Em lugar de mudar o curso da areia, consoante os relatos, ela mudou, a distância, a própria ampulheta.

No verão de 1969 chegaram ao Ocidente notícias de uma fonte fidedigna de que novos trabalhos sobre PK e Nelya Mikhailova continuavam a reali­zar-se na Rússia. O trabalho envolve intensas investigações dos campos que lhe cercam o corpo. Diz-se que os soviéticos encontraram outras pessoas, além de Nelya Mikhailova, dotadas de talentos semelhantes.

Pesquisas sobre PK, de natureza não revelada, estão sendo levadas a cabo em Tbilisi, na Geórgia. Fora disso, cientistas soviéticos afirmam estar investigando o pronunciamento de um biologista francês, segundo o qual, através do PK, os seres humanos podem influir no ritmo de degenerescência radioativa. Esse cientista, que prefere permanecer anônimo, se bem seja muito conhecido na literatura parapsicológica, pediu a adolescentes que tentassem acelerar ou retardar a decadência radioativa da matéria. E, segundo afirma, o contador geiger mostrou que eles foram bem sucedidos numa série de testes. É interessante que ele tivesse escolhido crianças, um grupo freqüentemente associado a exibições do gênero trasgo. Mas os russos estão provavelmente mais interessados na afirmativa de que o enigmático PK pode influenciar a matéria básica. Talvez Nelya também possa afetar a matéria radioativa.

Nelya parece ser uma médium versátil, como Eusapia Palladino e outros médiuns famosos de antanho. Afirma-se que ela é telepata, clarividente, psicométrica e dotada de PK. Os soviéticos, porém, não a encaram como artista ou como personalidade de exótica plumagem. Vêem em Nelya um meio para descobrir princípios. As questões importantes a seu respeito não devem centralizar-se na médium propriamente dita, mas em descobrimentos científicos como o do Dr. Sergeyev – de que os campos biológicos flutuantes estão, aparentemente, relacionados com o PK. Os comentários dos esquadrões de combate à fraude e as denúncias de "ímãs em lugares íntimos", totalmente impertinentes, não têm qual­quer relação com a pesquisa em neurofisiologia. Nelya tem sido um meio para ajudar os cientistas a elucidarem esses novos caminhos. E não é muito fácil ser um meio. Existem os ataques pessoais, soezes, de noticiaristas como Lvov, que acarretam uma fuzilaria de cartas e chama­dos telefônicos desagradáveis. Além das perseguições públicas, Nelya também é submetida a uma grande tensão física durante os testes de PK.

Mas Nelya Mikhailova cresceu lutando; cresceu durante o cerco de Leningrado, numa das piores situações de privação e tensão que o mundo já conheceu. Não há razões para crermos que venha a atirar a toalha no tablado enquanto os cientistas acreditarem que podem descobrir mais coisas sobre o potencial e a maravilha ainda não compreendida do ser humano, amarrando-a como um astronauta e prendendo-a num laboratório cheio de máquinas.

Fotografia Kirlian e Bioeletrográfico

Seguindo o roteiro do livro “Experiências Psiquicas alem da Cortina de Ferro”, das jornalistas e pesquisadoras americanas Lynn Schroeder e Sheila Ostrander, estariamos agora comentando o capítulo “Fotografia Kirlian – Retrato da Aura?” , no qual se fala sobre a descoberta (redescoberta?) do casal Semyon e Valentina Kirlian na cidade de Krasnodar, no sul da Rússia. Porem, com as novas descobertas e o novo enfoque dado às fotografias Kirlian nos últimos tempos, tivemos que abrir um parêntese para colocar essas descobertas e enfoques, que modificam algumas opiniões emitidas anteriormente.

Primeiro vamos definir o que sabemos com certeza que a fotografia Kirlian NÃO É !!!

A fotografia Kirlian não é um retrato da Aura Humana, também não é a Foto dos “Corpos Sutís” (corpo astral, corpo etérico, etc). Não é a Foto da Auréola ou da Aura que aparece em torno das cabeças dos Santos da Igreja Católica, segundo a Tradição Católica. Não é a Foto de um Anjo, de um espírito ou de qualquer outra entidade Sobrenatural e também não é a Foto Kirlian da incorporação de qualquer entidade em médiuns.

De acordo com as pesquisas feitas pelos cientisas Dr. Konstantin Korotkov, PhD, Diretor do Departamento de Física da Universidade de São Petersburgo, na Rússia e Prof. António Marquês, professor da Escola Superior de Biologia e Saúde, de Lisboa, Portugal, a hipótese que mais consistência apresenta, cientificamente falando, na atualidade, é aquela que é conhecida como O Modelo Bioeletrográfico, ou Modelo GDV (do inglês Gas Discharge Visualization).

Por essa imagem de um dedo fotografado com uma câmara Kirlian vemos um halo formado ao redor do mesmo. Nossos corpos (dedos inclusive), a todo instante, estão a exalar uma enorme variedade de gases e vapores, todos eles resultantes de todos os nossos processos vitais, inclusive da evaporação do suor. Os enfermeiros e outros profissionais da área da saúde, cuja profissão é lidar diariamente com pessoas doentes e hospitalizadas, chegam mesmo a noticiar que certos pacientes seus, tais como diabéticos, cardíacos, cancerosos, etc, exalam um odor característico, de acordo com a enfermidade de que são portadores. Isso se deve ao fato de que esses processos patológicos naturalmente provocam a emissão de determinados tipos de fluidos (suor, por exemplo) e também de certos gases e/ou vapores cujas composições químicas variam de acordo com a enfermidade em questão e também de acordo com os estados psicológicos da pessoa em questão, naquele momento, em particular. Por exemplo, pessoas cansadas, estressadas, deprimidas, enfim, com qualquer distúrbio ou mesmo com qualquer tipo de doenças mentais (psicopatologias) exalam determinados odores muito característicos dos problemas mentais (ou psíquicos) de que estão acometidas. Descobriu-se que esses odores são exalados pela pele, através dos poros, seja através do suor (e conseqüentemente pelo vapor de suor) ou mesmo por outros gases produzidos pelos seus organismos, tais como gás carbônico, amoníaco, metano, gás sulfídrico, cetonas, etc.

Assim sendo, quando encostamos os dedos de uma pessoa na placa eletrificada de uma Máquina Kirlian, os gases exalados pelos poros da pele do dedo são ionizados e a luminosidade resultante dessa ionização é captada pela película fotográfica colocada entre o dedo e a placa energizada. Essa luz resultante da ionização captada pela película fotográfica é o que podemos definir como Efeito Kirlian ou Efeito Bioeletrográfico ou, ainda, Técnica GDV.

A análise espectrofotométrica deste halo nos permite separar os componentes químicos e sua origem dentro do corpo humano, e assim analisar qual processo patogênico aflige o paciente, e em que lugar se desenvolve dentro do corpo humano.

Na figura a seguir, vemos um esquema de como esse processo se manifesta sobre uma câmara Kirlian em que um dedo é colocado sobre a placa energizada. Podemos ver que, na realidade, o que é ionizado pelas descargas elétricas são os gases e/ou vapores exalados pelas papilas digitais. Como esses gases e/ou vapores são produzidos pelo metabolismo celular, está claro que indicarão como se encontra o estado de saúde orgânica e psíquica da pessoa, inclusive, até mesmo, sua sexualidade, devido à exalação dos feromônios. O Dr. Konstantin Korotkov, descobriu a ionização dos gases e/ou vapores nas Máquinas Kirlian. O Prof. António Marquês explicou em detalhes a liberação dos gases e/ou vapores a partir do metabolismo celular.

Agora, para ainda irmos um pouco mais adiante, e podermos falar um pouco mais a respeito do Efeito Kirlian ou Bioeletrográfico, somos forçados a mencionar outros fatores que devem ser considerados ao analisarmos mais detalhadamente tudo o que é emitido pelo corpo humano. Atualmente, sabemos, através de outros tipos de pesquisas que, além dos gases e vapores exalados por corpos orgânicos, existe também a emissão de um outro campo energético, de um outro tipo de energia, talvez ainda para nós desconhecido, mas muito semelhante à energia eletromagnética.

A seguir, no próximo número, terminaremos as explicações técnicas hoje conhecidas sobre as fotos Kirlian, e falaremos sobre o Padre Roberto Landell de Moura, o verdadeiro inventor da fotografia bio-eletrográfica, nos idos de 1897-1904, e seu Perianto, como chamava o halo visível através de sua foto kirlian.

Eletrografias ou efluviografias de Narcovitz

Esta tecnologia teria sido descoberta (oficialmente) em 1939, na Rússia, por Semyon Kirlian e sua esposa Valentina Kirlian. Durante 10 anos, o casal desenvolveu investigações com a máquina de eletrografia e chegaram à convicção de que o reflexo fotografado refletia o estado de saúde bom ou mau do corpo físico, o que foi confirmado mais tarde, entre outras utilidades, depois de cuidadosa observação de biólogos, bioquímicos e físicos russos. Na realidade, muito antes de o casal Kirlian iniciar investigações com a eletrografia, já existiam pesquisas e estudos com imagens eletrográficas, obtidas em 1777 pelo físico alemão O . C. Lichtemberg.

Essas imagens foram obtidas pela mobilização de pó fino, porém só puderam ser gravadas bem depois, com a ajuda do processo do daguerreótipo (Jacques Daguerre, inventor francês 1787-1851) . No final do século XIX, o resultado destas pesquisas eram conhecidas como "EFLUVIOGRAFIAS"; os "efluvistas", como eram chamados na época, eram liderados por um médico francês chamado Henry Baraduc. Esse médico desenvolvia estudos e pesquisas juntamente com a sua equipe.

Durante os anos em que Baraduc e sua equipe trabalharam em Paris, um médico e físico, na Polônia, Iodko-Narcovitz, estivera fazendo experiências com sua própria versão de fotografia elétrica. Os dois inventores desconheciam a existência um do outro, até que se encontraram mais tarde. Em meados de 1892, apareceram os primeiros registros eletrográficos usando um fenômeno eletroluminescente, mas essa experiência não teve continuidade. Narkovitz morreu em 1904, deixando um grande trabalho criativo, num momento em que as investigações começavam a impressionar o mundo cientifico.

O trabalho de Baraduc consistia em estudos e pesquisas de fotografias elétricas de mãos e dedos. Os resultados eram fotografias que revelavam imagens de coroas, bolhas e manchas em torno do objeto fotografado, que Baraduc batizava de "eflúvios". Apesar de fazer experiências interessantes, o médico francês não conseguiu despertar interesse dos cientistas da época, que alegavam que os efeitos conseguidos nas fotografias não passavam de apenas "calor das mãos" impressionando o filme, e, devido a tecnologia em relação à fotografia da sua época não estar desenvolvida o suficiente para provar o contrário, Henry Baraduc e seus efluvistas caíram no esquecimento...


Na mesma época, do outro lado do Oceano Atlântico, no Sul da América do Sul, outro cientista derradeiramente definia o que os efluvistas estavam procurando e como deveriam procurar – a força vital, como chamavam, mas ainda totalmente indefinida e incompreensível, ao que o cientista brasileiro definiu e chamou de perianto. Esse cientista brasileiro era o padre católico Roberto Landell de Moura, que conseguiu ir muito além de seus colegas alemães, franceses, poloneses, russos, pois tinha profundo conhecimento de física, química, biologia, filosofia, psicologia, parapsicologia e medicina, além de um profundo sentimento religioso. Roberto Landell de Moura tinha conhecimento principalmente das energias eletromagnéticas, sobre as quais ia além de sua época, tanto que foi o precursor do telégrafo sem fio, da telefonia sem fio, do emissor das ondas de rádio, de um primeiro projeto de um receptor de televisão e da fotografia Kirlian, entre muitos outros inventos entre 1890 a 1907, que deveria hoje merecidamente ser chamado e reconhecido cientificamente como "efeito Landell" (ilustração ao lado).

O que Landell de Moura (foto ao lado) descobriu em relação à energia sutil e ao corpo bioplasmático é o que quase na totalidade se sabe sobre o assunto, nos dias de hoje. Mas, infelizmente, quem conhece a injusta e atribulada história desse grande cientista, sabe muito bem que ele não obteve o devido reconhecimento, nem tão apoio de nenhum de seus inventos e descobertas; pelo contrário, isso apenas fez com que aumentasse sua fama de maluco e de ter pacto com o demônio e demais impropérios das mentes ignorantes dos seus contemporâneos e conterrâneos, vindo a falecer em 1928 sem ser reconhecido e depois cair em total esquecimento.

Trinta e dois anos depois de Roberto Landell de Moura ter descoberto o corpo bioplasmático, ou o perianto, como assim o intitulou, o casal russo Kirlian, através dos mesmos princípios de Landell, descobriu o efeito e recebeu as glórias. A máquina eletrográfica se chama atualmente, máquina Kirlian e o efeito que fotografa é o efeito Kirlian ou efeito Landell?

Num próximo artigo, contaremos a história desse que é o patrono do radioamadorismo brasileiro, e que teve de patentear suas invenções nos Estados Unidos, pois em sua terra era tido como louco e possuído pelo demônio.

Mediunidade e ESP na URSS

No fim do ano de 1939, uma comissão de cientistas russos convidou Francisco Cândido Xavier para ir à Rússia por 6 meses, para se submeter a vários testes relacionados com seus “poderes“. Para isso, além da viagem, pagar-lhe-iam a quantia de trezentos contos de réis, soma que daria, na época, para pagar a construção de 50 casas populares! Chico sentiu-se tentado. Estava quase aceitando quando Emmanuel apareceu e lhe disse: - Se queres ir podes, eu fico!

O governo soviético apoiava a pesquisa de parapsicologia com verbas que orçavam 20 milhões de rublos anuais (aproximadamente 20 milhões de dólares da época, ou, no dias atuais, 80 milhões de euros).

A diferença mais importante entre a pesquisa ocidental e a soviética é que esta última está voltada para o emprego do psi. O seu objetivo é a aplicação tecnológica. No Ocidente, a pesquisa da ESP como um todo só recentemente emergiu dos preliminares do esta­belecimento da prova estatística da sua existência.

A pesquisa psíquica na URSS é considerada como um novo campo das ciências naturais, ligado à biônica, à fisiologia, à biologia, etc. Os russos chamam-lhe "bioinformação", "biotelecomunicação", "biocibernética". Os laboratórios de psi nos países comunistas estão nas universidades, nos institutos de tecnologia, nas faculdades. A pesquisa do psi é feita geralmente por cientistas puros. A pesquisa da telepatia é vista com bons olhos por muitos níveis de cientistas, desde os tecnologistas até membros da elite da Academia Soviética de Ciências. No Ocidente, a pesquisa da ESP tem sido uma enteada da psicologia, mal tolerada pela comunidade acadêmica. Praticamente não se lhe concedeu espaço algum nas universidades.

Os soviéticos utilizam o enfoque de grupo da ESP, reunindo especialistas de muitos campos diferentes, a fim de proporcionar uma pesquisa interdisciplinar completa. Há cooperação também entre cientistas do bloco comunista. No Ocidente, os cientistas do psi tendem a trabalhar isoladamente, ou com um ou dois colegas do mesmo campo. A divisão entre os pesquisadores ocidentais é assombrosa.

Diferenças entre a pesquisa soviética e a ocidental - Os soviéticos estão bem informados acerca da pesquisa ocidental. Sabem tudo o que é possível saber a respeito de médiuns como Cayce, Croiset e Serios, e estão familiarizados com o trabalho parapsicológico científico positivo que se realiza no Ocidente. Os ocidentais, em com­pensação, pouco ou nada sabem sobre os médiuns ou as pesquisas soviéticas.

A pesquisa soviética fundamental do psi é fisiológica. O tra­balho ocidental, em regra geral, é estatístico, psicológico ou filosófico. A pesquisa soviética, altamente especializada, tem menor amplitude de campo. O nosso trabalho, mais vasto, abrange as humanidades, a reli­gião, a psiquiatria, a filosofia. A pesquisa ocidental do psi tem oitenta anos atrás de si e uma riqueza de informações que os soviéticos já assimilaram em proveito próprio.

Não existe uma publicação soviética específica dedicada à pa­rapsicologia. Publicações semipopulares trazem artigos de ordem geral sobre o psi; publicam-se, porém, artigos científicos em revistas científicas apropriadas ao campo — cibernética, biologia, etc. Os institutos sovié­ticos publicam, periodicamente, coleções de artigos sobre trabalhos de parapsicologia. No Ocidente, os parapsicólogos raramente são bem recebidos pelas revistas científicas.

Não se pode deixar de notar o entusiasmo contagioso dos para­psicólogos soviéticos, a sua acessibilidade a novas idéias, o seu arrojo, a sua disposição para estudar esquírolas esquecidas de conhecimentos. Talvez os atraia a novidade do campo. Talvez a longa e inamovível hostilidade de acadêmicos e cientistas tenha tido um efeito mais estultificante sobre os nossos parapsicólogos do que a repressão política direta, ocasionalmente enfrentada pelos seus colegas soviéticos.

Alguns cientistas comunistas possuem capacidades psíquicas e não se vexam de falar nelas. Os pesquisadores ocidentais parecem ter medo de confessar a posse de um talento psíquico. Quase todos os pesquisadores soviéticos dão a impressão de haver tentado desenvolver dentro em si mesmos uma sensibilidade ao domínio psíquico, como os nossos psiquia­tras precisam aprender alguma coisa das próprias complexidades antes de poder trabalhar com outros. Na Rússia, a atmosfera das relações com os médiuns está mais próxima da dos soberbos conservatórios mu­sicais ou escolas de balé, em que os cientistas procuram constantemente melhores maneiras de aperfeiçoar, estimular e realçar talentos, do que do enfoque cético, tantas vezes encontrado no Ocidente, e que se poderia traduzir por esta frase: "Mostre-me, e mostre-me à minha maneira".

Até recentemente, o ímpeto que sacudia grande parte da pes­quisa psíquica ocidental vinha de indivíduos ou fundações particulares, que buscavam respostas ao problema da vida após a morte ou uma filo­sofia religiosa. Esse trabalho oferecia valiosa compreensão da estrutura inconsciente da psique e de outras dimensões. "Nos países comunistas, as pessoas aceitam a parapsicologia de modo mais realístico, como campo de significação científica potencial", diz o Dr. Ryzl. A motivação é menos espiritual.

Posição da parapsicologia na ex-União Soviética - A intenção de Sheila Ostrander e Lynn Schroeder, autoras de “Experiências Psíquicas Além da Cortina de Ferro”, obra que estamos examinando neste espaço de jornal, não foi avaliar o estudo espinhoso e, em muitos casos, extraordinário do psi no Ocidente. Bibliotecas inteiras têm sido escritas sobre ele e muitos outros livros surgirão, sem dúvida, à propor­ção que se desenvolver o trabalho nesse campo. Elas tentaram simplesmente avaliar a pesquisa psíquica soviética e as áreas em que ela se avantaja sobre o que se faz no Ocidente.

Tentar sondar a ESP soviética e "tudo o que ela significa" é extre­mamente complexo. Na União Soviética se misturam, ao mesmo tempo, o atraso e um estupendo progresso. À medida que um número cada vez maior de aspectos da ESP na Rússia começava a desdobrar-se diante delas, no correr de sua viagem, não puderam elas deixar de pensar num comentário feito pelo empresário norte-americano Sol Hurok. Famoso por haver levado artistas russos ao Ocidente, Hurok explicou: "Se fosse fácil, todo o mundo o faria".

De certo modo, isso parecia aplicável à tentativa para compreender a natureza da telepatia e a atividade soviética no domínio da ESP. Como diz George Kennan, o ex-embaixador norte-americano na Rússia: "Só pode haver graus de ignorância a respeito da Rússia".

“A nossa conclusão parece justificada”, afirma o Dr. Ryzl, que já foi membro da Academia de Ciências tcheca. “A parapsicologia nos países comunistas e sobretudo na URSS ocupa uma posição forte. Pode­mos esperar que ela se desenvolva com determinação.”

O eminente parapsicólogo alemão Dr. Hans Bender, chefe do Departamento de Psicologia da Universidade de Freiburg, fez inúmeras visitas aos laboratórios soviéticos de ESP. Já em 1964, dizia ele à escritora Norma Lee Browning: "Creio que as experiências de telepatia atrás da Cortina de Ferro podem ser mais significativas do que supomos”.

Insigne físico norte-americano, o Dr. Joseph H. Rush, referindo-se à obra de Vasiliev, escreveu: "Se este livro [soviético] não estimular algumas novas linhas de pesquisa no Ocidente, o azar será nosso".

O sigilo que cerca algumas pesquisas soviéticas lhes dificulta a avaliação exata. Não obstante, tudo faz crer que os soviéticos estão muitos anos à frente dos americanos em certas áreas da parapsicologia técnica. Estão na frente em descobrimentos relativos à essência física do ser humano e à maneira pela qual o psi funciona em nós e através de nós. Estão na frente no esforço concentrado por descobrir a energia básica que existe atrás do psi. Estão na frente nas tentativas para controlar certos fatores variáveis, como a influência do tempo magnético durante os testes de psi. Parecem estar na frente na procura e na criação de condições que libertem o potencial de psi presente em todo ser humano.

Os Institutos de Sugestologia e Parapsicologia de Sofia e Petrich possuem uns trinta cientistas que estudaram capacidades psíquicas fenomenais empregando o equipamento mais moderno e mais sofisticado. O seu porta-voz principal é o Dr. Georgi Lozanov, diretor dos dois Institutos. O Dr. Lozanov, médico e psicoterapeuta há dezesseis anos e praticante de Ioga há vinte e cinco, é o pioneiro da parapsicologia na Bulgária. Médico célebre, granjeou fama não só na Bulgária mas em todo o bloco de países comunistas pelos seus descobrimentos no campo dos poderes supranormais da mente. As suas palavras são acatadíssimas na Bulgária.

Um dos objetos de estudo dele é Vanga Dimitrova, a vidente cega da Bulgária. Vanga, que vive perto da fronteira grega, na cidadezinha de Petrich, é uma grande médium, que se situa no mesmo plano de Gerard Croiset de Utrecht, na Holanda, e de Jeane Dixon, de Washington. Como eles, é famosa em sua parte do mundo, e multidões de pessoas lhe procuram a ajuda. Vanga descobre pessoas desaparecidas, ajuda a resolver crimes, diagnostica moléstias e lê o passado. Mas o seu maior dom é a profecia. Essa mulher cega, de meia-idade, prediz o futuro com assombrosa precisão. E vive num país suficientemente' sábio para poder apreciá-la.

A Bulgária teve seis mil anos para aprender a sabedoria. Situada na Península Balcânica, pouco maior que o Estado de Pernambuco, divisa com a Romênia, a Grécia e a Turquia. Depois de conhecer a sua Idade de Ouro no século XIII, caiu nas mãos dos sultões turcos. Os seiscentos anos de brutal domínio otomano foram finalmente encerrados com a ajuda da Rússia czarista há menos de um século. Vieram depois as selvagens, confusas e famosas intrigas balcânicas, que inspiraram uma era de filmes de espionagem e, na vida real, trouxeram o caos e inversões em todas as frentes. Os comunistas conquistaram o poder em 1944. No período de estabilidade política que se seguiu, eliminou-se a pobreza realmente aflitiva, extinguiu-se o analfabetismo. Existem agora dúzias de universidades, faculdades, hospitais e institutos médicos. Hoje em dia, os oito milhões de habitantes da Bulgária estão provavelmente em melhor situação do que os habitantes de muitas partes da ex-União Soviética, embora sejam mais pobres do que as populações de outros países próximos.

A história da pasmosa profetisa Vanga e do próprio psi na Bulgária começou na capital, Sofia, cidade que tem cinco mil anos, mas não dá a impressão de mocidade nem de velhice. Sofia apenas é – como a natureza. O seu povo fala naturalmente de coisas naturais, como a capacidade psíquica, com uma facilidade inconsciente que não encontramos em outros lugares. Depois de captar o sentimento nacional, que lembra a nota viva e harmoniosa de um vaso grego, não é surpresa de que viva na minúscula Bulgária a primeira profetisa do mundo moderno sustentada pelo governo, Vanga Dimitrova. E não surpreende que os búlgaros tenham encetado as suas pesquisas psíquicas científicas mais suavemente do que qualquer outro povo.

– Vanga Dimitrova nunca foi uma estranha em minha vida. Embora eu nunca a tivesse conhecido pessoalmente, ela conhecia a minha vida melhor do que eu mesma.

A autora desse comentário concordara em contar a parte que Vanga representara em sua vida, em falar sobre a visão do futuro, desen­rolada como uma tapeçaria, como se os fios da sua vida tivessem sido tecidos antes do seu nascimento.

– Como eu lhes disse, nunca a conheci. Meu pai foi procurá-la quando eu tinha doze anos.

A mulher que se achava diante de nós teria trinta e poucos. Possuía maneiras distintas e um bom emprego oficial. De pernas finas, cabelos castanhos avermelhados, olhos cinzentos, animava-se ao conversar. Depois que a conhecemos melhor notamos que; em momentos de distração, quando ficava sentada, esperando, num vestíbulo ou num café, o seu olhar pensativo lembrava o de uma estátua que fitasse os olhos em alguma lagoa de águas paradas.

– Meu pai era médico e materialista convicto. Foi procurar Vanga por simples curiosidade. Queria ver como procedia a mulher em relação às pessoas que a buscavam, se era uma impostora consciente ou incons­ciente.

"Naquele tempo, Vanga já vivia na aldeia de Petrich, onde ainda vive. Conversava com as pessoas em sua casa, uma casa de camponeses, pequenina e rústica. Ela hoje não vive no luxo, mas está muito melhor do que estava. Quando meu pai chegou havia, como sempre, muita gente no pátio esperando ser admitida à sua presença. Ela assomou à porta e chamou meu pai pelo seu apelido carinhoso, nunca usado fora da família. Disse que o receberia primeiro porque ele era a única pessoa no pátio que não acreditava nela". Depois que ele entrou, Vanga narrou-lhe uma série de coisas sobre o passado dele. Meu pai foi casado três vezes. Ela descreveu os casamentos corretamente, contou-lhe por­menores, particularidades, coisinhas que só ele sabia, pois não as revelara sequer às últimas esposas.

"A seguir, começou a falar sobre o futuro. Meu pai, predisse ela, morreria dali a catorze anos, em 1958, de câncer. Vanga falou também a respeito de meu irmão mais moço e a meu respeito. De todos os filhos, éramos os prediletos de papai. Vanga disse que eu faria um casamento feliz, mas que meu marido morreria de repente, pouco depois. Eu ficaria viúva com um bebê para criar. Disse que eu tornaria a casar, mas faria um casamento desastroso. O destino de meu irmão seria pior ainda. Ele morreria num estranho acidente aos vinte e poucos anos.

"A experiência de Petrich abalou profundamente meu pai. Vanga descrevera com muita clareza e com fartura de pormenores cenas íntimas do seu passado. O que ela predissera para ele e o resto da família não eram de molde a entusiasmar-nos".

“Meu pobre pai voltou para casa terrivelmente transtornado. Pre­cisava falar com alguém sobre isso e, assim, confiou em minha madrasta. Contou-lhe tudo, fazendo-a prometer que nunca repetiria uma palavra a ninguém. Mas as senhoras sabem como são as mulheres. Não demorou muito que ela me contasse toda a história. Talvez achasse que também precisava confiar em alguém”.

“Muitos anos depois, meu pai chegou à conclusão de que tinha uma úlcera. Sendo médico, não deveria ter falhado assim no diagnóstico, mas talvez a sua vontade de acreditar que não sofria de uma coisa pior fosse tão grande que o diagnóstico lhe saiu errado. Sofreu duas operações. Na segunda, os médicos limitaram-se a olhar e tornaram a cos­turá-lo. Morreu de câncer. . . em 1958, na data predita por Vanga.

"Eu me casei. Um bom casamento, um casamento feliz. Senti-me ainda mais feliz quando nasceu meu primeiro filho. Depois, alguns meses mais tarde, inesperadamente, repentinamente, meu marido mor­reu ainda muito moço. Casei pela segunda vez e o segundo casamento foi um desastre. Agora estou divorciada. Há poucos anos, meu irmão correu para pegar um bonde. Saltou. . . mas alguma coisa não deu certa. Ele perdeu o equilíbrio, caiu e morreu".

"Tudo aconteceu. Tudo o que Vanga disse que nos aconteceria aconteceu. Posso assegurar-lhes que ela estava certa. Mas não posso dizer-lhes porquê. Eu era uma criança, tinha doze anos quando meu pai foi procurá-la. Toda a minha vida se desenrolou diante dela, para que ela a visse. Por quê? Seria um plano, o destino, alguma coisa relacio­nada com a reencarnação? Por que Vanga pôde ver isso? Por quê?".

Sentia-se a intensidade da pergunta. Sabíamos que ela não esperava que tivéssemos a resposta, mas tínhamos a impressão de que continuaria perguntando "Por quê?" Talvez, algum dia, em algum lugar, encontrasse uma resposta.

– Não sei se acreditam em Deus, – continuou ela. – Não acredito nos rituais da igreja, nem nos dogmas, nem na espécie de imagem que eles pintam das coisas. Mas sei que há alguma coisa. Quando a vida vai bem, digo: "Obrigada, meu Deus"; e quando vai mal, peço:

"Ajuda-me, ajuda-me". Mas ainda não sei o que possibilitou a Vanga ver a minha vida.

"Foi provavelmente por ter falado primeiro com meu pai que ela se mostrou tão exata em suas predições sobre a minha família. Ela é sempre melhor no começo do dia. Essas coisas cobram os seus tributos. Além disso, está freqüentemente doente. Pobre Vanga. Não lhe quero mal, apesar de tudo. Ela deve levar uma vida muito triste."

Vanga Dimitrova é uma camponesa de quase cinqüenta anos, que vive com a irmã em Petrich, numa região montanhosa da fronteira entre a Bulgária, a Iugoslávia e a Grécia. Está longe de qualquer espécie de corrente de atividade ou influência mas, como vidente, tem o seu próprio gênero de corrente de influência. A vida de Vanga misturou-se inevi­tavelmente às dores, prazeres e experiências dos milhares de seres que recorreram a ela em último recurso e às guerras, revoluções e infortúnios da sua terra.

Os cientistas que trabalharam com Vanga dizem-na "uma mulher respeitável". Ela é mais que uma "feiticeira do campo". É uma das maiores médiuns vivas de hoje.

– Ela, não raro, fica muito triste com as coisas que prevê, – con­tou-nos um dos cientistas. – O seu dom psíquico a faz infeliz. Mas, por outro lado, não pode viver sem ele. Não pode parar. é o modus operandi da sua personalidade.

O saber que ajudou alguém, que não é apenas uma cega inútil que se aquece ao Sol enquanto todo o mundo trabalha, parece sustentá-la contra a sobrecarga de "visões" infelizes – morte, doença, assassínio, lares desfeitos, carreiras malogradas – que se relacionam com as pessoas que lhe passam pela sala de estar.

Vanga provavelmente não sabe que as predições que fez para o pai da nossa amiga se realizaram. Provavelmente nem mesmo se lembra do médico cético e das cenas da sua vida, passada e futura, que entreviu por alguns minutos. Mas, infelizmente para Vanga, algumas das suas profecias mais dramáticas e trágicas relacionavam-se com criaturas muito chegadas.

Testes controlados do PSI

As pesquisas na ex-Tchecoslováquia - Dadas as tradições psíquicas da ex-Tchecoslováquia, segue-se naturalmente que o povo do país se interesse vivamente por questões que hoje fazem parte da parapsicologia científica. O Dr. Karel Kuchynka, que hoje tem setenta e oito anos e é um dos pioneiros da parapsicologia tcheca, explicou: — Nem a ciência oficial nem as religiões oficiais poderiam dar as respostas finais aos segredos da vida ou do universo. Em nosso país se encontram representantes de todos os matizes e seitas religiosas: há antroposofistas, teosofistas, espiritualistas, adeptos da magia antiga, adeptos das ciências do antigo Egito, alquimistas (e até o grupo mais velho e numeroso dos seguidores do Maharishi... muito antes que os Beatles ouvissem falar nele!). Creio que essa tendência quase geral é uma decorrência da estrutura subconsciente da alma tcheca, que deu origem aos grandes movimentos e reformas religiosas, especialmente as da Boêmia na Idade Média. (Aqui o Dr. Kuchynka se referia ao movimento fundado pelo reformador religioso tcheco João Huss, um século antes de Lutero.) “O caráter crítico e meditativo do nosso povo aumenta esse interesse pelos fenômenos paranormais. Dessa maneira, o solo da Tchecoslováquia é mais favorável ao psi que o de qualquer outro lugar.” Da década de 1920 até a invasão germânica, por exemplo, uma das mais populares e principais revistas semanais da Tchecoslováquia tinha uma coluna permanente sobre a pesquisa cientifica no domínio da parapsicologia.

A pesquisa do psi na Universidade de Praga - O Dr. Kuchynka descreveu a pesquisa do psi na Universidade de Praga realizada, desde o inicio do século XX, por neurologistas, psiquiatras, engenheiros, químicos, médicos e biologistas. Existem arquivos e arquivos de pesquisas sobre a telepatia como método para a solução de crimes, a psicometria, os médiuns e a grafoanálise, o PK, a clarividência, os trasgos, etc. Os cientistas tchecos figuraram entre os primeiros a estudar extensamente famosos médiuns da época, como Rudi Schneider, Madame Silbert e Stefan Ossowiecki. Realizaram-se na Tchecoslováquia inúmeras conferências internacionais sobre parapsicologia. Numa delas, um “tribunal” formado pela nata dos cientistas e intelectuais tchecos atestou que, nas mais rigorosas condições experimentais, a médium Madame Silbert obrigou um sino na sala bem iluminada a mover-se sem qualquer contato direto, fez aparecer relógios, anéis e outros objetos, criou fenômenos luminosos, tocou sinos a distância, moveu uma mesa pesada e, o que mais surpreendeu a todos, gravou o nome “Nell” e um pequeno triângulo no interior de uma caixa fechada de relógio e no interior de uma cigarreira também fechada, cheia de cigarros. Entre os famosos médiuns de Praga estudados pelos cientistas tchecos se incluía Adolf Fencl-Bilovsky, que fazia predições, como Edgar Cayce. Entretanto, não ficava em transe para fazê-lo. Pegando numa folha de papel em que uma criança houvesse rabiscado qualquer coisa, descrevia com pormenores o futuro da criança, os seus talentos, as suas capacidades as suas futuras doenças e o tipo de trabalho que faria mais.

Transmissão telepática de desenhos - Todos esses vaticínios eram preservados num arquivo e o destino da pessoa, depois, cotejado com eles. Todas as características indicadas pelo médium correspondiam fielmente à verdade — diz o Dr. Kuchynka. “Estudando outros médiuns também, capazes de determinar os detalhes da vida de uma pessoa através de fotografias. Entregou-se ao Sr. Kordon-Veri o retratinho de alguém que lhe era totalmente desconhecido. Ele descreveu com minúcias a região em que a fotografia fora tirada, esclareceu que a pessoa retratada estava doente e se achava naquela região por causa da doença. Disse ouvir as palavras “Velebit” e “Arbe”. Ora, tudo isso estava certo: o retrato era de uma musicista tcheca que, durante a sua moléstia, se hospedara no Hotel Velebit na Ilha de Arbe, no Mar Adriático. A descrição dos arredores do hotel correspondia precisamente à realidade. Segurando um esboço da mesma pessoa nas mãos, o clarividente declarou: ‘Essa mulher tem um imenso talento para a música, mas está gravemente enferma e prestes a morrer, se já não morreu’. Naquele mesmíssimo instante, 11 horas da noite, a musicista agonizava, vindo a falecer no dia seguinte, às seis da manhã.” O Dr. Kuchynka lembra-se de muitos testes de ESP a longa distância, em que se transmitiam desenhos telepaticamente; e também de um teste realizado com o célebre clarividente polonês Stefan Ossowiecki, de Varsóvia. Ossowiecki estava visitando o famoso balneário de Marienbad. Os cientistas decidiram pôr-lhe à prova o rapport clarividente com uma pessoa que lhe era completamente desconhecida. Um jornalista em Cracóvia preparou um desenho em sua casa e mandou uma cópia selada aos cientistas em Marienbad. Em seguida, a seiscentos e quarenta quilômetros de distância de Ossowiecki, fez o mesmo desenho na areia. Para excluir qualquer possibilidade de que o envelope fosse aberto ou que alguém pudesse dar uma espiada no desenho e contar a Ossowiecki, o jornalista resolveu acrescentar alguns detalhes ao seu desenho na areia.

O clarividente Eric Hanusse - Num dado momento, Ossowiecki principiou a fazer um desenho na areia, em Marienbad. Pouco depois, ajuntou-lhe uma elipse e uma figura dentro da elipse. Em seguida, apagou a figura e substituiu-a por um “W”. Mais tarde, a comissão confirmou que Ossowiecki reproduzira exatamente o desenho do jornalista. Este explicou que desenhara primeiro uma elipse com uma figura no interior, apagara esta última e a substituirá por um desenho da letra “W dentro da elipse. Nem mesmo essa mudança escapara ao clarividente. O Dr. Oscar Fischer de Praga também trabalhou com o famoso clarividente Eric Hanussen. No tempo de Hitler, Hanussen ganhou dinheiro e poder como médium e astrólogo. Na década de 1930, foi assassinado pelos nazistas porque era capaz de ver, clarividentemente, muitos projetos secretos dos nazistas, o que se afigurou perigoso e inoportuno à hierarquia fascista, de acordo com o Dr. Kuchynka. Tão difundida era a compreensão da parapsicologia nos círculos intelectuais da ex-Tchecoslováquia que o próprio Reitor da Universidade de Brno (a terceira cidade do país), o famoso biologista e fisiologista tcheco Dr. Eduardo Babak, escolheu para o seu discurso de posse este tópico: “O homem não tem apenas as ‘portas’ dos sentidos. Hoje em dia já não há dúvidas de que, em certas condições psicofisiológicas, a psique de um homem pode influenciar a de outro, mesmo sem a intervenção dos sentidos”.
— Creio que a importância da parapsicologia para nós reside precisamente na sua possibilidade de elucidar, pelos seus descobrimentos, a verdadeira natureza do homem e de mostrá-lo ligado ao cosmo mais estreitamente do que ele já imaginou possível — diz o Dr. Kuchynka.

Geradores psicotrônicos

“O poder da fé recebe uma aplicação direta e especial na ação magnética; por ela o homem age sobre o fluido, agente universal, que lhe modifica as qualidades e lhe dá umas impulsão, por assim dizer, irresistível.” (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIX, p. 5.)

Ainda as pesquisas na ex-Tchecoslováquia – O ponto culminante da estada na Tchecoslováquia parece fantástico e é fantástico – mas pode ser autêntico. Deparou-se-nos (são as autoras da obra ora resumida que o dizem) uma galeria de objetos – polidos e brilhantes, ásperos e granulados, de aço, bronze, cobre, ferro, ouro – "geradores psicotrônicos", que fazem o impossível. Vimo-los apresentados num filme exibido pêlos cientistas tchecos na Conferência Internacional de Parapsicologia em Moscou. Sopesamos os geradores psicotrônicos com as mãos. Nós mesmas operamos um deles.

Que são eles, afinal? A resposta não é fácil. Os tchecos começam por explicá-los da seguinte maneira:

– Os seres humanos e todos os seres vivos estão cheios de uma espécie de energia até recentemente desconhecida para a ciência ociden­tal. Essa bioenergia, que nós denominamos energia psicotrônica, parece implícita no PK; pode ser a base da rabdomancia. Talvez se revele envolvida em todos os fatos psíquicos. Os geradores psicotrônicos a extraem de uma pessoa, acumulam-na e usam-na. Depois de carregados com a nossa energia, os geradores fazem algumas coisas que um médium é capaz de fazer.

Foi essa a primeira porta que abriram para nós e que dava para o mistério. Haveria corredores à nossa espera.

O gerador psicotrônico, ou gerador de Pavlita, como é chamado em homenagem ao seu inventor, nasceu, em parte, de antigos manuscritos e descobrimentos esquecidos, velhos conhecimentos combinados com a ciência moderna. Não é de hoje a idéia de uma bioenergia.

Diziam os antigos chineses que não somos uma coleção de peças, à semelhança de uma máquina, senão uma central elétrica de insólita energia. Eles lhe chamavam Força da Vida ou Energia Vital. E acres­centavam que o Universo também está impregnado de Energia Vital, de modo que estamos assim ligados ao cosmo.

Os nossos vizinhos da Índia, os antigos hindus, falaram nessa força vital existente em nós, a que davam o nome de Prana. A Ioga moderna se baseia na idéia do Prana. Mas se a energia vital ou energia "X" é mais que um simples conceito filosófico, como se dá que ninguém no Ocidente a tenha encontrado? Encontrou, sim, afiançam os tchecos. Muitos "descobrido­res" provocaram uma comoção momentânea com a sua nova energia, mas foram esquecidos ou, quando muito, relembrados como brilhantes manía­cos, à proporção que a ciência ocidental corria para o seu grande florescimento tecnológico.


O que a kirliangrafia possibitou - A lista seguinte enumera os descobridores mais famosos. Mas houve muitos outros. Todos chegaram às suas descobertas por caminhos diferentes, todos deram a "ela" um nome diferente, mas o que mais surpreende é que concordam muito amiúde quanto às características da nossa suposta energia.


Descobridor Nome atribuido
Chineses Chi
Hindus Prana
Polinésios Mana
Paracelso Munis Magnale
Eliphas Levi
Luz Astral
Van Helmont Magnum
Mesmer Magnetismo animal
Reichenbach Odd
Keely Força motora
Blondiot Raios-N
Radioestesistas Força etérica
L. E. Eeman Força "X"
Medicina atual Psicossomática
URSS
Energia bioplasmática
Cientistas tchecos Energia psicotrônica

Hoje em dia, na União Soviética, grupos de cientistas puros estão estudando um "novo descobrimento" – uma energia vital, até agora desconhecida, ligada aos seres vivos. Energia bioplasmática é o nome que lhe dão. Mas os russos têm uma grande vantagem a seu favor. Graças à descoberta de Kirlian, a energia bioplasmática pode ser vista por qualquer pessoa em fotografia e microscópios eletrônicos. Pode ser cientificamente observada e estudada ao torvelinhar em rútilos clarões coloridos. Os cientistas do século XX, com os seus dispositivos rastreadores e regis­tradores, arrancaram o antigo átomo grego do reino da filosofia e o trouxeram para o reino do real, convertendo-o numa energia prática. Pode ser que os soviéticos, começando com o aparelho de Kirlian, venham a fazer o mesmo com a energia vital das antigas culturas. Ou talvez o façam os tchecos, com os seus geradores psicotrônicos. Eles também são responsáveis pela redescoberta.

O engenho de Roberto Pavlita

Grisalho, já entrado na casa dos cinqüenta, Roberto Pavlita é um inventor e desenhista-chefe de uma grande indústria têxtil da Tchecoslováquia. Pessoalmente, é o tipo de homem de negócios, eficiente, que não perde tempo com bobagens. Durante trinta anos trabalhou particular­mente em geradores psicotrônicos. Na sua opinião, eles governam essa recém-descoberta energia. Em meados da década de 1960, o nome de Pavlita chegou ao Ocidente no meio de uma confusão tremenda. "Homem de negócios tcheco é excelente médium de PK." Depois: " Pavlita não tem capacidade de PK". Mas, afinal, ele tem ou não tem? Para os que se achavam sentados nas salas de parapsicologia dos Estados Unidos não havia maneira de saber. A história que se desenrolou por detrás das notícias mostra como se gerou a confusão. Depois de trinta anos de experiências, Pavlita dirigiu-se à Universidade de Hradec Králové, a leste de Praga. Um eletrofisiologista, um físico e, por fim, todo o departamento de física realizou experiências com ele.

Os cientistas fizeram experiências com um dispositivo engenhado por Pavlita. No interior de uma caixa de metal hermeticamente fechada, um pregão dava voltas, acionado por um motor elétrico, que ficava embaixo. Sobre o pregão, os cientistas haviam equilibrado uma tira de cobre. Parecia uma letra T. A única outra coisa que havia dentro da caixa era um pequeno objeto metálico num canto, que não se achava ligado a coisa alguma. As revoluções da tira de cobre, que não cessava de girar, eram registradas fotoeletricamente. Enquanto os cientistas observavam, Pavlita mantinha-se a quase dois metros da engenhoca. Concentrado, tinha os olhos cravados nela. De repente, a tira de cobre se imobilizou, como se alguma coisa a estivesse detendo, imprimindo um movimento contrário ao pregão girante. Que poderia ser isso? Todo o aparelhinho estava magneticamente protegido.

Pavlita continuou a olhar. Os presentes observavam, muito atentos. Vagarosamente, a tira de cobre recomeçou a girar — mas desta vez na direção oposta. Dir-se-ia que uma força invisível no interior da caixa fechada a estivesse empurrando, fazendo-a rodar em sentido contrário ao do pregão a que estava presa. Durante dois anos os cientistas fizeram experiências com Pavlita.

"PK! Uma demonstração de PK, à prova de fraude", escreveu o jornalista britânico Theo Lang, que ouvira falar em Pavlita e voara para a Tchecoslováquia a fim de assistir a uma demonstração. Os cientistas concordaram em que se tratava de uma demonstração à prova de alguma coisa, mas do quê? Não conseguiam descobrir nenhuma força conhecida capaz de obrigar a tira de cobre a parar e a inverter o seu movimento enquanto Pavlita olhava para ela. Parece PK, mas não é — pelo menos não exatamente.

Pavlita assevera ser um tecnologista que opera uma forma de energia, ligando-a, desligando-a e dirigindo-a, como qualquer tecnologista dirige uma energia como a eletricidade. O pequeno dispositivo que não tem ligação com coisa alguma no interior da caixa fechada é um gerador psicotrônico. Enquanto Pavlita fica olhando, a sua bioenergia, segundo se supõe, é transferida para o gerador, que a acumula e dirige. Acreditam os tchecos que muita gente poderia ter capacidade de PK dessa forma, com o gerador funcionando como intermediário.

O primeiro teste de "PK" de Pavlita era uma demonstração de que essa energia, cognominada vital ou psicotrônica, podia ser aproveitada e dirigida à vontade. Mas todos os seus descobridores afirmam que se trata de uma vasta energia universal. Os tchecos disseram, e tentaram mostrar, que mesmo nesta fase do descobrimento eles podem fazer muito mais do que apenas imitar o PK.

A principal pergunta formulada por todos os ocidentais que deram com essa energia vital, ou psicotrônica, nos últimos quinhentos anos, resume-se no seguinte: Que é o que ela faz?



A energia vital e sua aplicação - Paracelso, alquimista e médico da Renascença, afirmava que essa energia se irradiava de uma pessoa para outra e podia atuar a distância. Ele a acreditava capaz de purificar o corpo e restaurar a saúde, como também de envenenar o corpo e provocar a moléstia. O Dr. Van Helmont, químico e médico flamengo do século XVII, cria que a energia facultava a uma pessoa afetar outra à distância. Para o famoso químico alemão barão Von Reichenbach era possível armazenar a energia e carregar com ela outras substâncias. Os praticantes polinésios de Huna, de que Reichenbach não tinha o menor conhecimento, concordavam em que a energia vital podia ser transferida dos seres humanos aos objetos.

Terá o homem poderes com os quais nunca sonhou, energias que podem ser isoladas e usadas? Talvez a energia psicotrônica seja uma chave para os fantasmas e até para as supostas substâncias ectoplasmáticas emitidas pelos médiuns. Os tchecos só mencionaram os empregos da energia psicotrônica que acreditaram haver confirmado. Na opinião deles, isto era apenas o início de uma descoberta — de uma assustadora desco­berta. Ouviram-se inúmeras conjeturas. E acabou-se falando sobre o futuro que os tchecos encararam tão cheios de esperança, sobre filosofia e história.

Em outro tipo de experiência, durante a fugaz primavera tcheca, tinham-se visto os geradores psicotrônicos. Para que servem eles? Nem mesmo os tchecos afirmam saber tudo o que há para saber acerca da nova energia. O ponto cardeal em suas mentes é que os geradores de Pavlita demonstram a existência de uma energia desconhecida, sutilmente entrelaçada com os seres humanos.

Se ela for real, se continuar a confirmar-se, daqui a vinte anos este relato soará como a descrição de um televisor ou de um fonógrafo feita por dois primitivos. Se antes que as patentes tivessem sido concebidas houvéssemos assistido por acaso a uma demonstração particular da máquina falante do Sr. Edison, há noventa e cinco anos, teríamos escrito provavelmente sobre uma máquina singularíssima, quase inacreditável, que era capaz, quando Caruso cantava na sala, de captar-lhe a voz em sulcos da espessura de um fio de cabelo, feitos num prato de cera. Uma semana depois esse prato podia ser posto num rotor, uma espécie de braço de metal traçaria os sulcos e, como se o tempo deixasse de existir, ouviría­mos Caruso cantar a sua ária como um fantasma que houvéssemos evocado. E a cera ficaria carregada com a voz durante muito tempo, talvez até durante anos.



A desconfiança dos cientistas ocidentais - Os pouquíssimos — dois ou três — cientistas ocidentais que viram os geradores de Pavlita olharam para eles com alguma desconfiança. Nin­guém gosta de usar um barrete histórico de burro, como os membros da Academia Francesa, que botaram pessoalmente para fora das suas salas o agente do Sr. Edison e da sua máquina falante. Eles sabiam, afinal de contas, que a cera não fala, que toda a história era um truque barato de ventríloquo. Entretanto, ninguém, e sobretudo os cientistas, gosta de ser apontado como crédulo e simplório.

Muitos outros anunciaram o achado de uma nova forma de energia vital, e o seu achado deu em nada — assim como a América foi descoberta muitas vezes antes de Colombo. Seria Pavlita um impostor? Seria um antigo escandinavo, cujas visões se dissiparão nas névoas do tempo e da obscuridade, ou será um Colombo?

O descobrimento de uma nova forma antiga de energia, de uma energia vital, de uma energia mais íntima que a eletricidade ou o raios-X, é uma idéia fascinante. Exige de nós um salto da imaginação. Supõe um campo de pouso fora dos círculos dos conhecimentos científicos atuais, um campo de pouso em que a mente e a energia não estejam mais irrevogavelmente separadas uma da outra mas, ao contrário, interajam para operar as suas maravilhas.

Será a energia psicotrônica a energia sutil e vital que os místicos, os médiuns e os filósofos pressupuseram e que os cientistas, recentemente, andaram procurando nos fatos psíquicos?

Os geradores de Pavlita rever­beram na mente como pontos cintilantes de interrogação, que têm por fundo a bela paisagem tcheca.

Energia bioplasmática

Estamos na era espacial, quer isso nos agrade, quer não. As nossas energias estão voltadas para o espaço exterior e também, obviamente, para o interior. Seminários de percepção, meditação, expansão da cons­ciência, a idade do Aquário — o impulso introverso é o propulsor da época.

"A sociedade humana enfrenta hoje o dilema de um colapso ou de um avanço no campo da consciência humana para manter-se a par do avanço da ciência e da tecnologia", afirma o Dr. Shafica Karagulla em Breakthrough to Creativity. Diretor da Fundação para a Pesquisa da Percepção Sensorial Superior, na Califórnia, o Dr. Karagulla, neuropsiquiatra conceituado, está estudando a capacidade dos médiuns de "ler" a aura e o corpo energético. Ela não é típica. Ao passo que o anseio introspectivo domina as disciplinas acadêmico-científicas na Tchecoslováquia, na Bulgária e na Rússia, no Ocidente ele é geralmente "extrovertido".

Talvez devêssemos estar "acumulando reservas" de médiuns. Os descobrimentos no terreno do psi, como os países do Leste os entenderam, como a maioria dos outros avanços, podem ser empregados em atividades anti-humanas. O jogo da guerra, no entanto, não é a mensagem mais estrondosa que recebemos da parapsicologia oriental. O que veio de lá é tríplice e pró-humano, pró-gente.

O descobrimento da energia inerente ao psi "será comparável ao descobrimento da energia atômica", disse o Dr. Leonid Vasiliev. Igor Shishkin, brilhante e jovem matemático russo, comparou recentemente a descoberta das teorias do psi à descoberta das teorias da relatividade.

Vasiliev viu algo ainda mais revolucionário do que a nova energia que acompanha o psi — "a experiência direta de outra pessoa". Nunca sabemos se outra pessoa está representando, assinala Vasiliev, ou se é capaz de transmitir o que está sentindo, mesmo que o queira. O psi parece ser um elo mental, um elo corpóreo. A plena e direta experiência de outra pessoa é um potencial assustador.

A oposição à pesquisa psíquica é ainda poderosa - Eles estão estudando as maneiras de utilizá-lo: aprimorar as capacidades intelectuais, artísticas, inventivas; comunicar-se no espaço e no fundo do mar; ajudar a localizarem minerais e água; predizer pedaços do futuro; comandar o comportamento de outra pessoa à distância; ver à distância; lidar com os campos de força viva que cercam o corpo. Isso é apenas o começo.

Enquanto os cientistas mergulham na pesquisa do psi orientada para a prática, um sentido de unidade viva, de movimento e variedade infinitos, está começando a emergir do casulo do desconhecido e do não visto. Isto é o homem, um ser de energia numa galáxia de energias, dinamicamente ligado a toda a vida e às forças do universo.

De um modo global, a parapsicologia pode sintetizar-se em três palavras: Imagem, Energia, Potencial. O mundo da pesquisa psíquica na Tchecoslováquia, na Bulgária e na Rússia foi feito de esforços para penetrar a dimensão da energia universal, esforços para soltar o potencial ilimitado e não usado do ser humano. Como subproduto desses esforços, os parapsicologistas estão começando a mostrar o que talvez seja o aspecto mais importante de todos: uma imagem mais profunda do ser humano.

Apesar de tudo a que ele promete, a oposição que se faz à pesquisa do psi ainda é poderosa, tanto no Oriente, quanto no Ocidente.

"Entretanto, temos um bom clima para as atividades psíquicas na Bulgária."

"Falava-se muito na União Soviética em estudar os poderes latentes da psique do homem, os quais, como a própria ciência o demonstrou, são inusitadamente grandes."

"Existe uma tradição espiritual na Tchecoslováquia que conduz à investigação científica no domínio do psíquico."

O interesse pelo estudo da dimensão do psi também começou a manifestar-se na Polônia, na Romênia, na Alemanha.


Os orientais levaram a sério a pesquisa do psi - Será realmente a herança do Ocidente tão infecunda que tenhamos sido privados de visionários e sonhadores, do interesse "pelo mundo não visto"? Ter-nos-emos tornado, com efeito, mais ingenuamente materialistas do que os próprios “materialistas de carteirinha”?

Encarando a oposição no Ocidente, o psiquiatra Jule Eisenbud, no livro que escreveu sobre a fotografia do pensamento e que intitulou The Word of Ted Sérios, observa:

"Desconfio de que, se a resistência ao psi for algum dia superada, isso não virá do trabalho sério e paciente que se faz nos laboratórios ou de qualquer número de palestras dirigidas a cientistas ou ao público culto, mas da sublevação geral das classes de uma população que está explodindo de muitas maneiras."

Os cientistas orientais levaram a sério a pesquisa do psi. Não se tratou de uma brincadeira. Não se tratou da província dos poucos entu­siastas. Já não terá chegado o momento de olharmos também para esse lado desconhecido do ser? Agora, hoje e amanhã, é ocasião de pesquisas arrojadas, firmes. E já é tempo de todos nós, em todos os níveis, deixar­mos a covardia de lado e obedecermos, corajosos, ao preceito vital. “Conhece-te a Ti Mesmo”. Não é uma questão de curiosidade intelectual. Não é uma questão de provarmos a nossa falta de preconceitos. É uma questão de sobrevivência. A humanidade está empenhada numa luta de vida ou morte — Eros contra Tânato, chamou-lhe Freud. A dimensão psíquica tem força de vida, é o foco da criatividade e da inspiração. Tem liberdade e vida para dar aos que as tomarem. Foi por isso que alguns dos espíritos mais esplêndidos deste século — Madame Curie, Carl Gustav Jung, Franklin D. Roosevelt, William Butier Yeats, Thomas Edison, Winston Churchill, Albert Einstein — se interessaram ativamente pelo espectro psíquico. Com o estudo ordenado dessa dimensão, a parapsicologia se encontra numa junção, como a última pedra da pirâmide, onde podem encontrar-se as humanidades, a religião, a ciência e as artes.

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