sábado, 12 de maio de 2012

O andarilho das Estrelas

Danell Standing era uma pessoa comum, professor de faculdade, que vivia tranquilamente na Califórnia. Até o dia em que foi pego matando um colega de trabalho em um dos laboratórios da universidade. Por esse crime ele acabou sendo preso e torturado na cadeia. Por oito anos ele ficou encarcerado, sendo cinco anos na solitária, onde passava a maior parte do tempo em uma camisa de força, depois ele acabou enforcado. A parte interessante da história se passa na época em que ele ficou isolado do mundo, preso em uma camisa de força. Pois de alguma maneira Danell conseguiu desenvolver técnicas para controlar suas dores e sua mente, chegando ao ponto de conseguir se auto-hipnotizar. Dessa forma ele parecia ficar boa parte do seu tempo em um estado de coma, mas na verdade ele estava “vivenciando suas vidas passadas”. Claro que todos achavam que essas suas experiências eram uma bobagem completa, porém uma das histórias que ele relatou se mostrou bastante intrigante. Um dia Danell revelou que em uma vida passada fora um marinheiro e que no ano de 1809 partiu do porto da Filadélfia com destino às Ilhas da Amizade. No meio dessa suposta viagem seu navio teria naufragado e ele teria sido o único sobrevivente. Durante 8 anos ele teria ficado preso em uma ilha, até que foi resgatado por um navio que passou por lá. No dia que foi salvo, ele carregava um remo continha esse texto: “Serve esta para informar pessoa em cujas mãos este Remo vier a cair que DANIEL FOSS, natural de Elkton, Maryland, um dos Estados Unidos da América do Norte, e que zarpou do porto da Filadélfia em 1809 a bordo do brigue NEGOTIATOR rumo às Ilhas da Amizade, foi lançado nesta ilha desolada em fevereiro do ano seguinte e ali erigiu uma cabana e viveu inúmeros anos, subsistindo com carne de foca – sendo ele o último sobrevivente da tripulação do dito brigue, que colidiu com uma ilha de gelo e naufragou aos 25 de novembro de 1809.” De início ninguém acreditou nessa história, porém Danell Standing pediu que a enviassem para o curador do Museu da Filadélfia o que ele havia escrito e assim foi feito. Em resposta essa carta foi enviada pelo curador: A resposta do curador segue transcrita abaixo: “É verdade que existe aqui um remo como V.Sa. descreveu. Mas poucas pessoas sabem de sua existência pois ele não está em exibição ao público. Na verdade, e já ocupo este cargo há dezoito anos, eu próprio não sabia de sua existência. Mas, consultando nossos antigos registros, descobri que tal remo foi-nos doado por um certo Daniel Foss, de Elkton, Maryland, no ano de 1821. Não foi senão depois de longa busca que encontramos o remo, numa sala de madeirames diversos num sótão em desuso. As chanfraduras e o relato estão entalhados no remo, exatamente do modo descrito por V.Sa.. Está também em nossos arquivos um livreto, doado na mesma época, escrito pelo dito Daniel Foss e impresso em Boston pela firma N. Coverly, Jr. Esse livreto descreve oito anos da vida de um náufrago numa ilha deserta. É evidente que esse marinheiro, em sua velhice e passando necessidades, fez circular o dito livreto entre as almas caridosas. Tenho muita curiosidade em saber como V.Sa. tomou conhecimento desse remo, cuja existência nós, do Museu, ignorávamos. Estarei correto em presumir que V.Sa. teria lido esse relato em algum documento posteriormente publicado por esse Daniel Foss? Terei a maior informação em receber quaisquer informações sobre o assunto e comunico a V.Sa. que estou tomando providências imediatas para recolocar o remo e o livreto em exibição. Sem mais, firmo-me mui atenciosamente, Hosea Salsburt E aí que o negócio complica e ninguém sabe que diabos esse sujeito fez para saber de tal coisa.

“Corrida armamentista atual lembra a que precedeu a Primeira Guerra Mundial’, alertam especialistas

Leia a entrevista completa com os dois pesquisadores feita pelo jornal francês Le Monde. Le Monde: As tensões no mar estão aumentando entre as potências. Elas podem piorar? Jean de Préneuf: As relações entre a China e seus vizinhos são motivo de preocupação: a China tem realizado uma tremenda modernização de sua ferramenta naval para reforçar sua liderança regional! E seus vizinhos não ficam para trás, seja sobre ou sob a água. Isso lembra a corrida armamentista naval na Europa antes de 1914. Não se deve esquecer que as humilhações da história naval chinesa, especialmente a da primeira guerra sino-japonesa de 1894-1895, ainda estão vivas na memória. Na corrida pelas matérias-primas, o bolo oceânico deve ser dividido com os países emergentes. Eles estão se equipando com marinhas modernas e numerosas, seja no Brasil, na Índia, na China, e até na Coreia do Sul. Pensou-se que após a guerra fria os grandes confrontos no mar haviam virado coisa do passado, mas isso está longe de ser verdade. Faz vinte anos que as marinhas da Índia e da China competem para controlar o acesso ao Oriente Médio. Robert Frank: Estamos assistindo a uma multiplicação no número de atores. Por enquanto, continua havendo uma dissimetria entre a Índia e a China. Para a Índia, é a lembrança da derrota de 1962 para a China que permanece vívida. A questão do Mar do Sul da China é típica. Em um plano racional, consegue-se ver bem a China indo o mais longe possível, mas sem entrar em guerra. Mas podem ocorrer incidentes. O Ocidente seria inevitavelmente afetado em caso de escalada. Os grandes podem facilmente administrar a situação entre si. O perigo vem da corrida armamentista entre os pequenos, entre os médios, entre pequenos e médios, entre médios e grandes. O risco vem da relação da China com seus pequenos vizinhos. Pode haver uma escalada em questões como as Ilhas Paracel e Spratly. O imprevisível é o erro de cálculo, como fez o presidente argentino Galtieri diante de Thatcher nas Malvinas, em 1982. Além disso, a emergência de atores não estatais no mar, especialmente as ONGs, traz novas questões, como mostra a guerra contra a caça às baleias ou os incidentes recentes entre a Turquia e Israel. Le Monde: As batalhas navais como ocorriam no passado são pouco prováveis de acontecer? Préneuf: Desde o fim das duas guerras mundiais, não houve mais nenhuma batalha naval em grande escala. Mas a guerra fria foi também um confronto global no mar, que na era nuclear e dos mísseis ampliava as lógicas das batalhas do Atlântico e das grandes operações anfíbias. Na verdade, as guerras que empregam meios navais nunca pararam desde 1945. A lista é longa: desde a Coreia entre 1950 e 1953 até a Líbia em 2011. O mesmo vale para as situações de crise. A operação americana Praying Mantis, no dia 14 de abril de 1988, aniquilou de uma só vez a frota iraniana em resposta ao bloqueio do Golfo Pérsico pelo Irã. Ela mostra que o mar continua sendo um espaço de conflito que envolve países terceiros, mesmo quando eles não são beligerantes diretos. Foi a guerra Irã-Iraque entre 1980 e 1988 que nos lembra que potências secundárias podem causar grandes problemas para as grandes marinhas com meios assimétricos, a começar pelas minas. Frank:No Oriente Médio, a questão de Ormuz só se coloca em termos de batalha aeronaval, e para isso seriam necessárias marinhas equivalentes. Só que o controle dessa artéria vital também se dá na água, pois depois de aprender com a experiência dos anos 1980, o Irã modernizou sua frota e suas capacidades de ataques anti-navios a partir da terra. No Pacífico e na Ásia Oriental, a China está voltando a ascender, mas é preciso levar em conta o fato de que ela tem outros trunfos além dos meios militares para afirmar seu domínio. A marinha pode ser uma boa ferramenta de dissuasão sem ser um trampolim para uma escalada. O papel da ferramenta naval é garantir a segurança das linhas de comunicação e mostrar sua força para que não aconteça nada. É, ao mesmo tempo, uma ferramenta de projeção de poder que pode ser dissuasiva. Le Monde: A questão da soberania volta a ser levantada: será que ela resultará em uma corrida maluca nos oceanos ou em uma divisão do mar? Préneuf: A questão é levantada primeiramente pelos recursos offshore. Lembremos que em 1904 a discussão mais difícil da entente cordiale entre a França e o Reino Unido foi sobre a Terra Nova, pelos direitos de pesca. Hoje, a tensão volta a surgir nas Malvinas, agora que acaba de se encontrar petróleo e que os preços estão no auge, segundo o mesmo esquema de 1976 a 1982. Até agora, cada um tentava ampliar sua vantagem a partir de seu território, na lógica das zonas econômicas exclusivas definidas pela convenção de Montego Bay de 1982. Mas hoje a visão é global. Fonte: Le Monde