segunda-feira, 29 de março de 2010

O Acidente Nuclear de Chernobyl

chernobil1Em 26 de abril de 1986, ocorreu na Ucrânia o pior acidente nuclear da história. Causado por falha humana, o acidente aconteceu por problemas em hastes de controle do reator que foram mal projetadas e por erros no manuseio da máquina. Dentre as conseqüências do acidente cita-se a poeira radioativa que tomou conta do local e a contaminação dos seres viventes da região. O Acidente produziu uma nuvem de radioatividade que atingiu a União Soviética, Europa Oriental, Escandinávia e Reino Unido. Grandes áreas da Ucrânia, Bielorrússia e Rússia foram muito contaminadas, resultando na evacuação e reassentamento de aproximadamente 200 mil pessoas. Cerca de 60% de radioatividade caiu em território bielorrusso.

O acidente fez crescer preocupações sobre a segurança da indústria nuclear soviética, diminuindo sua expansão por muitos anos, e forçando o governo soviético a ser menos secreto. Os agora separados países de Rússia, Ucrânia e Bielorrússia têm suportado um contínuo e substancial custo de descontaminação e cuidados de saúde devidos ao acidente de Chernobil. É difícil dizer com precisão o número de mortos causados pelos eventos de Chernobil, devido às mortes esperadas por câncer, que ainda não ocorreram e são difíceis de atribuir especificamente ao acidente.

Um relatório da ONU de 2005 atribuiu 56 mortes até aquela data – 47 trabalhadores acidentados e nove crianças com câncer da tireóide – e estimou que cerca de 4000 pessoas morrerão de doenças relacionadas com o acidente. O Greenpeace, entre outros, contesta as conclusões do estudo. O governo soviético procurou esconder o ocorrido da comunidade mundial, até que a radiação em altos níveis foi detectada em outros países. Segue um trecho do pronunciamento do líder da União Soviética, na época do acidente, Mikhail Gorbachev, quando o governo admitiu a ocorrência: "Boa tarde, meus camaradas. Todos vocês sabem que houve um inacreditável erro – o acidente na usina nuclear de Chernobyl. Ele afetou duramente o povo soviético, e chocou a comunidade internacional. Pela primeira vez, nós confrontamos a força real da energia nuclear, fora de controle."

Na madrugada do dia 26, a equipe responsável pelo plantão aproveitou o desligamento de rotina da unidade 4 para realizar um experimento que buscava verificar o que aconteceria com as bombas de resfriamento se houvesse interrupção de energia, mais especificamente, no momento do intervalo entre a interrupção e a ativação dos geradores de emergência. As bombas de resfriamento assumem um importante papel em uma usina nuclear, pois consegue bloquear o aumento das temperaturas dos reatores, local que armazena o combustível nuclear, impedindo assim trágicas conseqüências.

Para tal experimento, a equipe desligou o sistema de segurança da unidade para evitar que houvesse interrupção de energia no reator e ainda reduziram a capacidade de energia do reator em 25%, o que motivou o acidente. A queda de energia foi maior do que a planejada, fazendo com que a equipe agisse rapidamente para reverter a situação. Porém, uma grande onda energética foi criada e o reator emergencial não funcionou para impedir a mesma.

O crescimento acelerado de energia fez com que os reatores recebessem energia em quantidade maior do que suportava, causando uma grande explosão de 2000ºC de temperatura, o que impulsionou o incêndio do grafite existente que moderava os nêutrons no reator. O grafite por muitos dias permaneceu queimando, fazendo com que inúmeras tentativas de cessar fogo e impedir mais liberação de material radioativo fossem em vão. Não se sabe ao certo a quantidade de pessoas mortas em conseqüência do acidente e nem a quantidade de radiação liberada, pois as estatísticas das autoridades soviéticas foram distorcidas com o intuito de ocultar a real situação do problema.

Após o acidente foi construída uma estrutura de concreto e aço sobre o local acidentado e contaminado, o que recebeu o nome de sarcófago. O sarcófago tem a finalidade de impedir a liberação dos 95% do combustível nuclear ainda existente no local.

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Instalação - A usina de Chernobil está situada no assentamento de Pripyat, Ucrânia, 18 quilômetros a noroeste da cidade de Chernobil, 16 quilômetros da fronteira com a Bielorrússia, e cerca de 110 quilômetros ao norte de Kiev. A usina era composta por quatro reatores, cada um capaz de produzir um gigawatt de energia elétrica (3,2 gigawatts de energia térmica). Em conjunto, os quatro reatores produziam cerca de 10% da energia elétrica utilizada pela Ucrânia na época do acidente. A construção da instalação começou na década de 1970, com o reator nº 1 comissionado em 1977, seguido pelo nº 2 (1978), nº 3 (1981), e nº 4 (1983). Dois reatores adicionais (nº 5 e nº 6, também capazes de produzir um gigawatt cada) estavam em construção na época do acidente.

As quatro instalações eram projetadas com um tipo de reator chamado RBMK-1000.

As coordenadas de localização do reator 4 são: 51º23'22.85" N e 30°05'56.51" E

O acidente

Sábado, 26 de abril de 1986, à 1:23:58 a.m. hora local, o quarto reator da usina de Chernobil - conhecido como Chernobil-4 - sofreu uma catastrófica explosão de vapor que resultou em incêndio, uma série de explosões adicionais, e um derretimento nuclear.

Causas

Há duas teorias oficiais, mas contraditórias, sobre a causa do acidente. A primeira foi publicada em agosto de 1986, e atribuiu a culpa, exclusivamente, aos operadores da usina. A segunda teoria foi publicada em 1991 e atribuiu o acidente a defeitos no projeto do reator RBMK, especificamente nas hastes de controle. Ambas teorias foram fortemente apoiadas por diferentes grupos, inclusive os projetistas dos reatores, pessoal da usina de Chernobil, e o governo. Alguns especialistas independentes agora acreditam que nenhuma teoria estava completamente certa.

Outro importante fator que contribuiu com o acidente foi o fato que os operadores não estavam informados sobre certos problemas do reator. De acordo com um deles, Anatoli Dyatlov, o projetista sabia que o reator era perigoso em algumas condições, mas intencionalmente omitiu esta informação. Isto contribuiu para o acidente, uma vez que a gerência da instalação era composta em grande parte de pessoal não qualificado em RBMK: o diretor, V.P. Bryukhanov, tinha experiência e treinamento em usina termo-elétrica a carvão. Seu engenheiro chefe, Nikolai Fomin, também veio de uma usina convencional. O próprio Anatoli Dyatlov, ex-engenheiro chefe dos Reatores 3 e 4, somente tinha "alguma experiência com pequenos reatores nucleares".

Em particular:

• O reator tinha um coeficiente a vazio positivo perigosamente alto. Dito de forma simples, isto significa que se bolhas de vapor se formam na água de resfriamento, a reação nuclear se acelera, levando à sobrevelocidade se não houver intervenção. Pior, com carga baixa, este coeficiente a vazio não era compensado por outros fatores, os quais tornavam o reator instável e perigoso. Os operadores não tinham conhecimento deste perigo e isto não era intuitivo para um operador não treinado.

• Um defeito mais significativo do reator era o projeto das hastes de controle. Num reator nuclear, hastes de controle são inseridas no reator para diminuir a reação. Entretanto, no projeto do reator RBMK, as pontas das hastes de controle eram feitas de grafite e os extensores (as áreas finais das hastes de controle acima das pontas, medindo um metro de comprimento) eram ocas e cheias de água, enquanto o resto da haste - a parte realmente funcional que absorve os nêutrons e portanto pára a reação - era feita de carbono-boro. Com este projeto, quando as hastes eram inseridas no reator, as pontas de grafite deslocavam uma quantidade do resfriador (água). Isto aumenta a taxa de fissão nuclear, uma vez que o grafite é um moderador de nêutrons mais potente. Então nos primeiros segundos após a ativação das hastes de controle, a potência do reator aumenta, em vez de diminuir, como desejado. Este comportamento do equipamento não é intuitivo (ao contrário, o esperado seria que a potência começasse a baixar imediatamente), e, principalmente, não era de conhecimento dos operadores.

• Os operadores violaram procedimentos, possivelmente porque eles ignoravam os defeitos de projeto do reator. Também muitos procedimentos irregulares contribuíram para causar o acidente. Um deles foi a comunicação ineficiente entre os escritórios de segurança (na capital, Kiev) e os operadores encarregados do experimento conduzido naquela noite.

É importante notar que os operadores desligaram muitos dos sistemas de proteção do reator, o que era proibido pelos guias técnicos publicados, a menos que houvesse mau funcionamento.

De acordo com o relatório da Comissão do Governo, publicado em agosto de 1986, os operadores removeram pelo menos 204 hastes de controle do núcleo do reator (de um total de 211 deste modelo de reator). O mesmo guia (citado acima) proibia a operação do RBMK-1000 com menos de 15 hastes dentro da zona do núcleo.

Eventos

Dia 25 de abril de 1986, o reator da Unidade 4 estava programado para ser desligado para manutenção de rotina. Foi decidido usar esta oportunidade para testar a capacidade do gerador do reator para gerar suficiente energia para manter seus sistemas de segurança (em particular, as bombas de água) no caso de perda do suprimento externo de energia. Reatores como o de Chernobil têm um par de geradores diesel disponível como reserva, mas eles não são ativados instantaneamente – o reator é portanto usado para partir a turbina, a um certo ponto a turbina seria desconectada do reator e deixada a rodar sob a força de sua inércia rotacional, e o objetivo do teste era determinar se as turbinas, na sua fase de queda de rotação, poderiam alimentar as bombas enquanto o gerador estivesse partindo. O teste foi realizado com sucesso previamente em outra unidade (com as medidas de proteção ativas) e o resultado foi negativo (isto é, as turbinas não geravam suficiente energia, na fase de queda de rotação, para alimentar as bombas), mas melhorias adicionais foram feitas nas turbinas, o que levou à necessidade de repetir os testes.

A potência de saída do reator 4 devia ser reduzida de sua capacidade nominal de 3,2 GW para 700 MW a fim de realizar o teste com baixa potência, mais segura. Porém, devido à demora em começar a experiência, os operadores do reator reduziram a geração muito rapidamente, e a saída real foi de somente 30 MW. Como resultado, a concentração de nêutrons absorvendo o produto da fissão, xenon-135, aumentou (este produto é tipicamente consumido num reator em baixa carga). Embora a escala de queda de potência estivesse próxima ao máximo permitido pelos regulamentos de segurança, a gerência dos operadores decidiu não desligar o reator e continuar o teste. Ademais, foi decidido abreviar o experimento e aumentar a potência para apenas 200 MW. A fim de superar a absorção de neutrons do excesso de xenon-135, as hastes de controle foram puxadas para fora do reator mais rapidamente que o permitido pelos regulamentos de segurança. Como parte do experimento, à 1:05 de 26 de abril, as bombas que foram alimentadas pelo gerador da turbina foram ligadas; o fluxo de água gerado por essa ação excedeu o especificado pelos regulamentos de segurança. O fluxo de água aumentou à 1:19 – uma vez que a água também absorve nêutrons. Este adicional incremento no fluxo de água requeria a remoção manual das hastes de controle, produzindo uma condição de operação altamente instável e perigosa.

À 1:23, o teste começou. A situação instável do reator não se refletia, de nenhuma maneira, no painel de controle, e não parece que algum dos operadores estivesse totalmente consciente do perigo. A energia para as bombas de água foi cortada, e como elas foram conduzidas pela inércia do gerador da turbina, o fluxo de água decresceu. A turbina foi desconectada do reator, aumentando o nível de vapor no núcleo do reator. À medida em que o líquido resfriador aquecia, bolsas de vapor se formavam nas linhas de resfriamento. O projeto peculiar do reator moderado a grafite RBMK em Chernobil tem um grande coeficiente de vazio positivo, o que significa que a potência do reator aumenta rapidamente na ausência da absorção de nêutrons da água, e nesse caso a operação do reator torna-se progressivamente menos estável e mais perigosa.

À 1:23 os operadores pressionaram o botão AZ-5 (Defesa Rápida de Emergência 5) que ordenou uma inserção total de todas as hastes de controle, incluindo as hastes de controle manual que previamente haviam sido retiradas sem cautela. Não está claro se isso foi feito como medida de emergência, ou como uma simples método de rotina para desligar totalmente o reator após a conclusão do experimento (o reator estava programado para ser desligado para manutenção de rotina). É usualmente sugerido que a parada total foi ordenada como resposta à inesperada subida rápida de potência. Por outro lado Anatoly Syatlov, engenheiro chefe da usina Nuclear de Chernobil na época do acidente, escreveu em seu livro: “Antes de 01:23, os sistemas do controle central... não registravam nenhuma mudança de parâmetros que pudessem justificar a parada total. A Comissão...juntou e analisou grande quantidade de material, e declarou em seu relatório que falhou em determinar a razão pela qual a parada total foi ordenada. Não havia necessidade de procurar pela razão. O reator simplesmente foi desligado após a conclusão do experimento.“

chernobil3Devido à baixa velocidade do mecanismo de inserção das hastes de controle (20 segundos para completar), as partes ocas das hastes e o deslocamento temporário do resfriador, a parada total provocou o aumento da velocidade da reação. O aumento da energia de saída causou a deformação dos canais das hastes de controle. As hastes travaram após serem inseridas somente um terço do caminho, e foram portanto incapazes de conter a reação. Por volta de 1:23:47, o a potência do reator aumentou para cerca de 30GW, dez vezes a potência normal de saída. As hastes de combustível começaram a derreter e a pressão de vapor rapidamente aumentou causando uma grande explosão de vapor, deslocando e destruindo a cobertura do reator, rompendo os tubos de resfriamento e então abrindo um buraco no teto.

Para reduzir custos, e devido a seu grande tamanho, o reator foi construído com somente contenção parcial. Isto permitiu que os contaminantes radioativos escapassem para a atmosfera depois que a explosão de vapor queimou os vasos de pressão primários. Depois que parte do teto explodiu, a entrada de oxigênio – combinada com a temperatura extremamente alta do combustível do reator e do grafite moderador – produziu um incêndio da grafite. Este incêndio contribuiu para espalhar o material radioativo e contaminar as áreas vizinhas.


Há alguma controvérsia sobre a exata seqüência de eventos após 1:22:30 (hora local) devido a inconsistências entre declaração das testemunhas e os registros da central. A versão mais comumente aceita é descrita a seguir. De acordo a esta teoria, a primeira explosão aconteceu aproximadamente à 1:23:47, sete segundos após o operador ordenar a parada total. É algumas vezes afirmado que a explosão aconteceu antes ou imediatamente em seguida à parada total (esta é a versão do Comitê Soviético que estudou o acidente). Esta distinção é importante porque, se o reator tornou-se crítico vários segundos após a ordem de parada total, esta falha seria atribuída ao projeto das hastes de controle, enquanto a explosão simultânea à ordem de parada total seria atribuída à ação dos operadores. De fato, um fraco evento sísmico foi registrado na área de Chernobil à 1:23:39. Este evento poderia ter sido causado pela explosão ou poderia ser coincidente. A situação é complicada pelo fato de que o botão de parada total foi pressionado mais de uma vez, e a pessoa que o pressionou morreu duas semanas após o acidente, envenenada pela radiação.



Seqüência de Eventos - • 26 de abril de 1986. Acidente no reator 4, da Central Elétrica Nuclear de Chernobil. Aconteceu à noite, entre 25 e 26 de abril de 1986, durante um teste. A equipe operacional planejou testar se as turbinas poderiam produzir energia suficiente para manter as bombas do líquido de refrigeração funcionando, no caso de uma perda de potência, até que o gerador de emergência, a óleo diesel, fosse ativado. Para prevenir o bom andamento do teste do reator, foram desligados os sistemas de segurança. Para o teste, o reator teve que ter sua capacidade operacional reduzida para 25%. Este procedimento não saiu de acordo com planejado. Por razões desconhecidas, o nível de potência de reator caiu para menos de 1% e por isso a potência teve que ser aumentada. Mas 30 segundos depois do começo do teste, houve um aumento de potência repentina e inesperada. O sistema de segurança do reator, que deveria ter parado a reação de cadeia, falhou. Em frações de segundo, o nível de potência e temperatura subiram em demasia. O reator ficou descontrolado. Houve uma explosão violenta. A cobertura de proteção, de 1000 toneladas, não resistiu. A temperatura de mais de 2000°C, derreteu as hastes de controle. A grafite que cobria o reator pegou fogo. Material radiativo começou a ser lançado na atmosfera.

• de 26 de abril até 4 de maio de 1986 - a maior parte da radiação foi emitida nos primeiros dez dias. Inicialmente houve predominância de ventos norte e noroeste. No final de abril o vento mudou para sul e sudeste. As chuvas locais freqüentes fizeram com que a radiação fosse distribuída local e regionalmente.

• de 27 abril a 5 de maio de 1986 - aproximadamente 1800 helicópteros jogaram cerca de 5000 toneladas de material extintor, como areia e chumbo, sobre o reator que ainda queimava.

• 27 de abril 1986 - os habitantes da cidade de Pripyat foram evacuados.

• 28 de abril 1986, 23:00 h - um laboratório de pesquisas nucleares da Dinamarca anunciou a ocorrência do acidente nuclear em Chernobil.

• 29 de abril de 1986 - o acidente nuclear de Chernobil foi divulgado como notícia pela primeira vez, na Alemanha.

• até 5 de maio 1986 - durante os 10 dias após o acidente, 130 mil pessoas foram evacuadas.

• 6 de maio de 1986 - cessou a emissão radioativa.

• de 15 a 16 de maio e 1986 - novos focos de incêndio e emissão radiativa.

• 23 de maio de 1986 - o governo soviético ordenou a distribuição de solução de iodo à população.

• Novembro de 1986 - o "sarcófago" que abriga o reator foi concluído. Ele destina-se a absorver a radiação e conter o combustível remanescente. Considerado uma medida provisória e construído para durar de 20 a 30 anos, seu maior problema é a falta de estabilidade, pois, como foi construído às pressas, há risco de ferrugem nas vigas.

• 1989 - o governo russo embargou a construção dos reatores 5 e 6 da usina.

• 12 de dezembro de 2000 - depois de várias negociações internacionais, a usina de Chernobil foi desativada.

O que ocasionou o acidente de Chernobyl?

O acidente ocorreu durante experimentos com os sistemas da usina. Para realizar testes com o reator, o sistema automático de segurança foi desligado. Como o reator foi operado a potência muito abaixo do limite inferior por período muito longo, houve um superaquecimento. O reator do modelo existente em Chernobyl, que utiliza grafite como moderador dos nêutrons, pode-se tornar rapidamente muito instável, o que ocorreu. Quando os operadores da sala de controle resolveram desligá-lo, não foi mais possível, pois a potência do reator cresceu, ao invés de decrescer. A reação em cadeia cessou imediatamente, mas o aquecimento provocou uma explosão de vapor e gases. A energia liberada levou ao deslocamento da laje superior de concreto. Gases e partículas radioativas foram lançados para a atmosfera. O ar exterior que entrou na central levou à combustão da grafite. O incêndio do prédio foi extinto três horas e meia depois, mas a grafite continuou queimando, emitindo produtos de fissão. Só no décimo primeiro dia acabou a combustão da grafite e a conseqüente liberação de material radioativo.

Acidentes como o da usina de Chernobyl, por exemplo, não podem ocorrer em usinas como a de Angra, que utiliza reator a água pressurizada (PWR), em que os elementos combustíveis estão dentro de um grande e resistente vaso de pressão de aço, circundado por contenção que impede quaisquer emissões em caso de acidente. Nos reatores do tipo PWR o sistema automático de segurança não pode ser bloqueado; usa-se água que, diferentemente do grafite, não entra em combustão quando aquecida. Além disso, o edifício do reator é uma estrutura de segurança, construída para suportar impactos, e não simplesmente um prédio industrial convencional, como o de Chernobyl. Os elementos combustíveis em reatores do tipo de Chernobyl ficam contidos em canais dentro de uma matriz de grafite. O conjunto não possui envoltório, obrigatório nos reatores utilizados no Ocidente. As análises do acidente apontaram para um sistema deficiente de desligamento de emergência, além de violações de procedimentos por parte do pessoal de operação. Reatores como o da usina de Chernobyl só se construíam dentro da antiga União Soviética e só eram exportados para países ligados ao bloco soviético.

Estudo Britânico

Um estudo britânico publicado em 2007 classifica os riscos de um sobrevivente do acidente nuclear de Chernobyl vir a falecer por causa do acidente comparável ao risco do mesmo sobrevivente vir a morrer por poluição do ar, ou fumo passivo.

Desde há muito que se debate o número de mortos provocados pelo acidente de 1986, mas existem cada vez mais indícios de que as consequências não foram tão graves quando se poderia inicialmente recear (a Greenpeace chegou a prever mais de 90 mil mortos)… Segundo o estudo, aqueles que mais estiveram expostos à radiação resultante da explosão do reactor 4 tiveram um aumento de apenas 1% nas mortes devidas a radiação, precisamente o mesmo valor para quem vive numa cidade muito afectada pela poluição do ar, como a Cidade do México ou Tóquio.
O estudo foi conduzido por Jim Smith “Centre for Ecology and Hydrology”, do Reino Unido e no âmbito destes trabalhos visitou extensamente o local do acidente encontrando uma vida vegetal e animal próspera e abundante e nenhuma das mutações que surgiram, por exemplo, num episódio dos X-Files… Onde num episódio da segunda temporada surge o “Flukeman” um híbrido humano-verme que se sugere ter sido criado pelo acidente da central nuclear ucraniana…

É claro que nos heróicos bombeiros e soldados soviéticos que enfrentaram o reactor e que o encerraram no cofre de cimento que ainda hoje o protege encontramos outros valores… Dos 134 homens envolvidos na primeira linha de reacção ao acidente, 40 morreram em virtude da radiação, a maioria após um sofrimento atroz, mas com a certeza de as suas acções terem salvo a vida a milhares… Que era o que sucederia se não tivessem contido o reactor 4…
Até ao momento cerca de 4 mil pessoas contraíram tumores na tiróide, naquele que é o reflexo mais visível do acidente, mas com uma taxa de sobrevida que ronda os 99%.

Este estudo reflecte algo que já se sabia: a vida é capaz de resistir a doses ligeiras de radiação durante muito tempo sem exibir ou adquirir danos consideráveis… Aliás, uma dose de radiação é essencial ao processo da Evolução (a qual também não existe, segundo o Blasfémias, assim como o Aquecimento Global). É também uma excelente notícia, já que é inevitável que - mais cedo ou mais tarde - tenhamos outro reactor a explodir, algures no mundo, algures no tempo… Demonstra que as coisas poderão não ser tão más… Mas fica o receio de saber se haverá então outros 140 heróis dispostos a dar a vida novamente… Sobretudo num regime bem diferente do soviético que ainda vigorava em 86 e onde as forças militares e militarizadas raramente discutiam as ordens… Por mais perigosas que estas fossem.

O Impacto do Acidente de Chernobyl

O acidente Nuclear de Chernobyl inutilizou uma área de 140 mil km².

O vulto da usina de Chernobyl domina o horizonte de Pripiat, onde não restou um habitante. Lá, energia nuclear é sinônimo de morte. Depois da explosão do reator número 4, na madrugada fatídica de 26 de abril de 1986, a radiação varreu tudo. A cidade foi abandonada e o acidente inutilizou uma área equivalente a um Portugal e meio, 140.000 quilômetros quadrados. Por centenas de anos.

A Europa despertou como se estivesse em um pesadelo. Itália, Alemanha, Suécia, Finlândia, Suíça, Holanda e Espanha deram marcha a ré nos programas nucleares e fecharam usinas. Para eles, o risco de um acidente igual era insuportável. Mas há usinas precárias nos antigos países socialistas que ainda ameaçam toda a vizinhança européia.

Entre 15 mil e 30 mil pessoas morreram desde então por razões associadas ao acidente. A ONU estima que cerca de seis milhões de pessoas ainda vivam em áreas contaminadas.

Em 04 de outubro de 1994 o governo da Ucrânia aceitou um plano internacional para fechar a usina de Chernobyl. E, em 15 de dezembro de 2000, engenheiros da usina nuclear de Chernobyl apertaram o botão que desligou os três outros reatores - que continuaram a ser usados depois do acidente - fechando oficialmente as instalações que se converteram, em 1986, no símbolo dos perigos da energia atômica

Em 26 de abril de 2002, exatamente 16 anos após a tragédia, o chefe da Comissão de Segurança Radioativa do governo ucraniano, Dmytro Hrodzynskyy, alertou que os níveis de radiação em Chernobyl continuavam aumentando. Segundo o mesmo cientista, o restante do combustível que existe dentro do reator nuclear que causou o acidente - hoje protegido por um sarcófago de concreto - está esquentando. A incidência de câncer de tiróide em crianças é atualmente mil vezes mais alta do que a que existia antes do acidente de 1986. E, em outra advertência, o cientista disse que vazamentos no sarcófago de concreto que envolve ruínas do reator e toneladas de combustível radioativo podem agravar a situação.

A Saúde das Crianças de Chernobyl Decorridos Onze Anos da Catástrofe

O acidente da usina nuclear de Chernobyl aconteceu em 1986, iniciando-se em abril do referido ano. Este acidente foi um acidente nuclear de incomensurável dimensão, gerando conseqüências irreparáveis, resultando, primeiramente, na retirada de aproximadamente 120 mil indivíduos de uma região correspondente a uma zona de trinta quilômetros ao redor da usina.

Chernobyl localiza-se na região nordeste da Ucrânia, aproximadamente a 90 quilômetros ao norte de Kiev. Quando ocorreu o acidente, uma zona de 30 quilômetros que cerca a usina foi evacuada permanentemente, embora os reatores não danificados ainda estivessem em funcionamento. Esta zona evacuada compreendeu diversos vilarejos e incluiu a cidade de Pripyat, construída com a finalidade de ser a moradia dos trabalhadores da usina e suas famílias. Muitos indivíduos que foram obrigados a deixar Pripyat, se mudaram para Kiev, fazendo desta, sua moradia provisória que, com o decorrer dos anos, tornou-se a moradia definitiva destas pessoas.

Os impactos secundários do acidente radioativo incluíram: evacuação desordenada da região; aumento pronunciado do número de abortos; dificuldade na obtenção de documentos que permitissem a retirada dos indivíduos que viviam nas cidades próximas à usina e nas cidades vizinhas (área de contaminação radioativa) e a sua aceitação em outras regiões; conflitos entre as pessoas acerca dos subsídios do governo e dos alojamentos; discriminação dos indivíduos, sendo disseminado o sentimento de medo, denominado de "radiofobia" (medo da radiação); por fim, os cuidados médicos prestados à população eram insuficientes e inadequados.

Assim como outros desastres tóxicos e radiativos, o acidente em Chernobyl proporcionou a criação de uma subpopulação que vive ameaçada, seja por doenças ou discriminação. Uma das conseqüências estabelecidas pelo acidente da usina nuclear foi o aumento progressivo dos casos de câncer da glândula tireóide em indivíduos jovens, particularmente em crianças, desde as que ainda estavam intra-útero até dois anos de idade, na época do acidente.

Um estudo realizado em 1997 e publicado na revista Arch Gen Psychiatry, concluiu que, dada à experiência estressante vivida pelas famílias que foram retiradas da área acometida, pequena diferença na saúde e bem-estar psicológico entre as crianças foi encontrada no estudo.

Este foi o primeiro estudo epidemiológico acerca da saúde e bem-estar psicológico das crianças após o acidente da usina nuclear de Chernobyl. Representou uma colaboração entre cientistas independentes de Kiev e uma equipe de pesquisadores dos Estados Unidos.

Anteriormente, os estudos visavam a verificação das conseqüências causadas pela radioatividade sobre os adultos. Estudos sobre o acidente de Hiroshima e de Nagasaki concluíram os efeitos sobre a saúde das pessoas, a ansiedade e somatização gerada, além disso, os efeitos sobre o estado psicológico dos indivíduos, o aumento do número de casos de depressão em um período de dez a vinte anos após o acidente.

Os estudiosos, raramente, têm realizado trabalhos com o objetivo de pesquisar os efeitos do desastre de Chernobyl sobre as crianças, sejam eles psicológicos ou tecnológicos.

Neste estudo, os pesquisadores promoveram uma avaliação das conseqüências do desastre nuclear ocorrido em Chernobyl. Verificaram, especificamente, os efeitos deste acidente sobre as crianças que foram evacuadas da zona de alta contaminação, localizada nas redondezas da usina, sendo removidas para Kiev.

Os pesquisadores objetivaram a determinação da saúde e bem-estar das crianças que foram retiradas das proximidades da usina, de regiões contaminadas, indo para Kiev, em relação à saúde e bem-estar das crianças que não entraram em contato com a radiação, que habitam e estudam em Kiev.

Foram avaliadas 600 crianças, sendo trezentas crianças, com idade variando entre dez a doze anos. As crianças foram estudadas decorridos onze anos do desastre nuclear e, na época do acidente, ou estavam sendo geradas por suas mães, ou eram bebês. Residiam em regiões próximas a Chernobyl e, na época do estudo, residiam em Kiev. Estas compreendem o grupo das crianças denominadas no estudo de "evacuees" (evacuadas). As outras trezentas crianças deste estudo são crianças que nunca viveram em uma área contaminada por radiação nuclear, que compreendem o grupo das crianças "classmates" (colegas de aula).

Os dados obtidos foram respondidos pelas crianças, pelas mães e professores, usando um padrão de respostas que avalia o bem-estar, a saúde e o risco de doenças psicológicas (psicopatologias) da infância. Foram realizados, também, exames clínicos e exames de sangue nas crianças estudadas.

Os pesquisadores verificaram que, onze anos após o desastre nuclear, as crianças que eram bebês quando houve a explosão permaneceram com sua saúde similar à saúde de seus colegas de classe. Embora os achados dos exames clínicos e laboratoriais realizados nos dois grupos de crianças estudadas fossem semelhantes, as mães das crianças que foram retiradas da zona de perigo (radiação), relataram que estas crianças apresentaram mais sintomas somáticos. O estresse de Chernobyl foi relacionado significativamente a estas percepções das mães dos pacientes.

Resultados

No presente estudo, verificou-se que os dois grupos de crianças participantes da pesquisa se mostraram concordante em relação à sua saúde mental, exceto pelos sintomas como a ansiedade gerada pela contaminação causada pelo acidente nuclear. A avaliação dos dados respondidos pelas mães dos pacientes evidenciou uma preocupação em relação ao seu comportamento e bem-estar, em relação às crianças que não tiveram nenhum contato com a radiação, seja direta ou indiretamente. Os fatores de risco mais freqüentemente observados foram diretamente relacionados à radiação liberada pela usina como, principalmente, a ansiedade.

Ainda, as crianças que entraram em contato, direto ou não com a radiação, segundo os estudiosos, possuem alguns fatores de proteção à sua saúde. O trauma vivenciado pelas mães foi refletido no bem-estar das crianças, particularmente, sintomas somáticos, porém, sem maiores conseqüências.

Este estudo apresentou diversas limitações. Os estudiosos não determinaram o risco de exposição real à radiação, devido à dificuldade de estimar a dose de radiação liberada no acidente. Os dados foram obtidos após onze anos do desastre, não havendo a clareza em se definir se as diferenças existiram antes do desastre ou se os efeitos emergirão com o envelhecimento destas crianças. As famílias residentes em Kiev não eram representativas de todos os indivíduos que residiam em uma zona de 30 quilômetros da usina de Chernobyl, sendo feita uma estimativa neste estudo. A catástrofe de Chernobyl desencadeou uma série de experiências aterrorizantes durante a evacuação da área afetada, como conflitos para a obtenção de documentos para residirem em Kiev e para obtenção de benefícios do governo; estigma social (discriminação); perda irreversível da moradia, dos pertences e do estilo de vida. Finalmente, como este foi um estudo pioneiro em Kiev, os pesquisadores tiveram dificuldades devido à falta de experiência em estudos epidemiológicos na referida região.

Os pesquisadores concluíram, apesar das limitações deste estudo que, embora a radiação e o poder nuclear, possam despertar o medo e a ansiedade profunda, sobretudo em adultos, depois de decorridos onze anos do acidente nuclear de Chernobyl, o trauma não foi transmitido às crianças, quando suas famílias foram acometidas pela contaminação e tiveram que sair das áreas afetadas, indo para Kiev.

Câncer de Tiróide

O número de casos de câncer de tiróide na região de Briansk (oeste da Rússia) dobrará até 2010, em grande parte como resultado do acidente nuclear em Chernobyl, ocorrido há 20 anos, informou nesta segunda-feira um alto oficial sanitário.

"Nós prevemos que mais de 500 casos de câncer de tiróide serão diagnosticados até 2010 em Briansk, a região mais afetada por Chernobyl, e mais de 200 destes serão relacionados com o acidente", disse Gennadi Onishchenko, chefe do serviço de saúde russo durante entrevista coletiva celebrada em Moscou.

O número de casos de câncer de tiróide dobrará em relação ao registro oficial de 2003, disse Onishchenko, segundo quem atualmente há "122 casos deste tipo de câncer só na região de Briansk".

Onishchenko disse que quase 1,5 milhão de pessoas ainda vive nas 4.343 pequenas cidades e povoados contaminados por Chernobyl. Além destes, há 186.

395 trabalhadores russos que ajudaram a construir um enorme sarcófago em torno da usina danificada depois do acidente.

Em setembro de 2005, as Nações Unidas publicaram um relatório segundo o qual 4 mil pessoas morreram ou eventualmente morreriam como resultado de exposição à radiação de Chernobyl.

Mas muitas organizações não-governamentais contestam as alegações da ONU e o movimento ambientalista Greenpeace situa o número de potenciais mortos por câncer em 93 mil.

Fonte: http://www.brasilescola.com/historia/chernobyl-acidente-nuclear.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Acidente_nuclear_de_Chernobil
http://ird.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=31&Itemid=25
MosNews
BBC Brasil
http://boasaude.uol.com.br/lib/
http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/

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