A Grécia entrou oficialmente em incumprimento, declarou esta sexta-feira a Associação Internacional de Swaps e Derivados (ISDA na sigla do inglês). Os credit default swaps (CDS), uma espécie de seguro que os investidores podem subscrever para cobrir a eventualidade de um país deixar de pagar o que deve, podem agora ser acionados.
De acordo com a Reuters, a decisão foi tomada de forma unânime pelo Comité da ISDA por causa do programa de troca de obrigações gregas, onde a adesão voluntária chegou aos 86%. Isso permitiu ao país acionar as cláusulas de ação coletiva, e impor as mesmas condições do perdão aos outros credores, alargando o âmbito da operação para 95% do total da dívida nas mãos dos privados.
Com esta ação, a ISDA considera que está criado na Grécia um evento de crédito.
Com a possibilidade de ativar os CDS, os investidores podem reduzir as perdas com a dívida grega, sendo «indemnizados» por este meio. A Reuters avança que contratos de credit default swaps sobre obrigações gregas no valor de 3,16 mil milhões de dólares podem ser ativados.
Segundo o programa de troca de obrigações, os investidores trocam a dívida que detinham por novas obrigações, com menor valor. Na prática, os investidores assumem perdas reais de mais de 70% com essa dívida. Para quem se precaveu com a compra de CDS, as perdas serão agora mitigadas.
O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble, afirmou, ainda antes desta decisão ser conhecida, que a decisão da ISDA não impediria a provação do segundo resgate à Grécia.
O resultado do programa de troca de dívida mereceu elogios doFMI e de Bruxelas.
Na reunião desta tarde, o Eurogrupo aprovou a entrega de 35,5 mil milhões de euros à Grécia, para a aplicação do programa e para pagamento de juros. Já a diretora-geral do FMI, ChristineLagarde, anunciou que vai propor um novo empréstimo à Grécia de 28 mil milhões de euros.
O ministro das Finanças do país, Evangelos Venizelos, considerou que a adesão dos privados não foi um favor, e sim algo feito «em benefício próprio».
Na sequência do programa, a Fitch cortou o rating do país para «incumprimento parcial», juntando-se assim à Moody’s e à Standard & Poor’s.
FONTE: Fim dos tempos.net