A técnica foi desenvolvida pelo Dr. Wolfgang Metzger em 1930 que atendeu diversos casos de mineiros que no isolamento de suas minas e no silêncio e escuridão completa alegavam sofrer diversos tipos de alucinações, que aliados ao medo provocado pela solidão tornava suas vidas um verdadeiro inferno. Nesta época ele estava engajado em suas investigações sobre psicologia e interpretação sensorial e decidiu reproduzir artificialmente as mesmas condições dos mineiros, chegando a resultados igualmente perturbadores capaz de projetar algumas impressões interiores que de outra forma permaneceriam reclusas na mente. Wolfgang notou que de fato existiam mudanças significativas no eletroencefalograma confirmando que as visões não eram meramente inventadas por quem utilizada seu maquinário.
Aqui façamos um parênteses, exploradores do Ártico que não avistam nada além de neve dias seguidos também relatam o mesmo tipo de alucinações dos mineiros. A verdade é que a privação sensorial em si como método para atingir estados alterados de consciência não é nenhuma novidade do século XX. Os gregos antigos ja a utilizavam como meio de obter iluminação espiritual e comunicação com seus deuses. Os pitagóricos em especial se dirigiam a cavernas escuras para receber sabedoria por meio de suas visões.
As câmaras de privação sensorial, como as mostradas no seriado Fringe, total são usadas até os dias em diversas pesquisas psicológica, mas custam milhares de dólares. A máquina Ganzfeld, por outro lado é bem mais barata e sua técnica bastante simples. Em uma seção típica o "receptor" é colocado em uma sala relaxante, reclinado ou deitado numa confortável cadeira com semi-esferas translucidas sobre os olhos com uma leve luz vermelha sobre si mesmo. Ele usa fones de ouvido onde ruido branco ou ruido rosa é reproduzido e permanece sob estas condições por cerca de meia hora. No final deste artigo mostramos como reproduzir esta técnica para uso doméstico.
O que causa as alucinações?
Simplesmente deitar-se no escuro ativa os mecanismos do sono no cérebro. Contudo com a máquina Ganzfeld queremos que o receptor permaneça acordado. Assim o cérebro é minimamente estimulado até que as alucinações comecem a ocorrer. As semi-esferas provocam a sensação de infinito nos olhos e não permite a percepção de profundidade, formato e distância mantendo o cérebro ativo em busca de informação. A luz vermelha é a que menos carga leva ao cérebro por ser a mais baixa na escala espectral, no entanto é luz ainda e não estimula o estado de sono. O ruido rosa ou branco também abafam os sons externos ao mesmo tempo que não fornecem qualquer estímulo específico ao cérebro. Quando nenhuma informação é dada ao sistema nervoso lúcido ele começa a ampliar o uso dos sentidos até o ponto em que o ruído neural e confundido com a informação sensória. Quando os pensamentos se confundem com os sentidos as alucinações se forma. Os sonhos que temos todas as noites são formados de maneira similar.
Ganzfeld e telepatia
No início dos anos 1970, Charles Honorton, do Maimonides Medical Center, de Nova York investigava como os sonhos podiam ser analisados como uma forma de percepção extra-sensorial e decidiu usar a técnica Ganzfeld como uma maneira mais eficiênte de atingir o estado de privação sensorial na qual sua hipótese trabalhava. Quando sua pesquisa foi publicada com co-autoria de Sharon Harper no Journal of the American Society for Psychical Research em 1974 o método logo chamou atenção da comunidade internacional de parapsicologia. Desde então pesquisadores como Dean Radin e Daryl Bem defendem que o experimento Ganzfeld pode ser usado como um método excelente para induzir um estado receptivo a percepção extra-sensorial embora alguns pesquisadores como Susan Blackmore and Ray Hyman contestam que os resultados são inconclusivos.
Nos experimentos de percepção extra-sensorial existe o papel de um "emissor" que observa uma imagem randomicamente escolhida e tenta mentalmente enviar esta informação ao receptor imerso na máquina Ganzfeld. O receptor deve falar em voz alta durante os trinta minutos descrevendo o que estiver vendo ou ouvindo. O procedimento deve ser registrado. Posteriormente o "receptor" sai do estado Ganzfeld e aponta dentre várias imagens qual é que lhe foi transmitida. Em geral são expostas três outras imagens junto com a que foi realmente transmitida dando 25% de chances naturais do "receptor" descobri-la ao acaso. Índices acima de 25% são seguidos de novos testes para confirmar e refinar a medida da percepção extra-sensorial.
Crie sua própria câmara Ganzfeld
Existem diversas razões que poderiam levar alguém a construir uma câmara Ganzfeld para uso pessoal. A primeira é mais óbvia é o simples entretenimento. Esta técnica comprovadamente pode induzir um estado alucinatório que só poderia ser alcançado de outra forma por meio químico. Algumas pessoas consideram uma seção Ganzfeld quase como um meio instantâneo de atingir o estado meditativo. Como vimos acima, alguns pesquisadores consideram esta uma técnica válida para medir e treinar sua percepção extra-sensorial e há ainda receptores que alegam usar esta máquina com sucesso para fins de hipnose e experiências fora do corpo.
- Escolha um lugar tranquilo onde ninguém lhe perturbará por pelo menos 30 minutos. Avise seus familiares se necessário.
- Troque as lampadas comuns por lampadas vermelhas ou cubra-as com uma forma de papel celofane vermelho.
- Separe um rádio com fones de ouvidos. Os melhores fones são aqueles anti-ruído. O rádio deve ser colocado fora de qualquer estação para gerar estática (ruido rosa)
- Divida uma bola de ping pong em duas partes, elas deveram serão usadas como um óculos para gerar a impressão de infinito.
- Acenda as luzes, coloque o fone e a cobertura nos olhos. Deite e relaxe, mas mantenha os olhos abertos.
- As alucinações aparecem em minutos e as distorções sensoriais se intensificam com o tempo.
Divirta-se!
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