Este capítulo, dedicado a explicar a forma com que a Força Aérea dos Estados Unidos tentou de todas as maneiras ocultar as evidências do fenômeno ÓVNI - recorrendo, em alguns casos, à ridicularização de valiosas testemunhas - não poderia ser concluído sem relatar a parte que coube, nessa trama, à CIA (Central Inteligence Agency), o serviço de espionagem do país. Segundo as declarações do major Donald E. Keyhoe, no seu último livro Aliens from Space ("Alienígenas do Espaço"), publicado em inglês em janeiro de 1975 e ainda não editado em nenhum outro idioma (?), a CIA constitui o "verdadeiro poder invisível" por trás do segredo ÓVNI. Mesmo que poucos saibam, a CIA tem autoridade sobre os departamentos de inteligência de todas as organizações militares dos Estados Unidos. Sua influência sobre os co-mandantes do Exército, da Força Aérea, da Marinha de Guerra e da Infantaria da Marinha é enorme, podendo, além disso, mesmo sem possuir controle total, exercer pressão sobre a FAA (Administração da Aviação Federal), ...
a Coast Guard, a Comissão Federal de Comuni-cação e também sobre a maioria das outras organizações do governo, com exceção do FBI (Federal Bureau of Investigation).
A CIA encarregou-se das investigações iniciadas pela Força Aérea em 1953, ou seja, depois que o vice-almirante R.H. Hillenkoetter abandonou seu cargo de diretor. Desde então, a Agência Central de Inteligência vem usando todo seu poder para manter o segredo do fenômeno OVNI sob o domínio da Força Aérea, perante o Congresso, a imprensa e o público.
"Não é esta uma tentativa de crucificar a CIA", disse o major Keyhoe, como se fosse possível ocorrer esta idéia a alguém; pois seus chefes, forçados a tomar uma decisão muito séria, decidiram, equivocadamente ou não, da maneira que julgaram mais conveniente para a nação. Mas, qualquer que tenha sido a razão, tanto a CIA como a Força Aérea levaram os Estados Unidos a uma perigosíssima situação - que dificilmente poderia ser pior , se a programaram com más intenções.
Em seu relatório, Keyhoe detalha numerosos casos em que a CIA tratou de paralisar a investigação de importantes observações de OVNIs - entre elas, a ocorrida em abril de 1952, cuja testemunha foi o então secretário da Marinha dos Estados Unidos, almirante Dan Kimball, que descreveu assim seu encontro com dois OVNIs, enquanto voava para o Havaí:
"Sua velocidade era surpreendente: meus pilotos calcularam entre 1500 e 2000 milhas por horas (2.400 a 3.200 km por hora). Os objetos circundaram duas vezes nosso avião e logo se afastaram rapidamente para o Leste. Por trás de nós encontrava-se outro avião transportando o almirante Arthur Radford, para quem enviei uma mensagem de rádio sobre o OVNI. Quase na mesma hora, o piloto do almirante Radford nos respondeu, excitado: "Os OVNIs estão voando em círculo ao nosso redor. Cobriram em menos de dois minutos as 50 milhas que nos separam, e em poucos segundos nos abandonaram e desapareceram."
Ao aterrissar no Havaí, o secretário da Marinha enviou um informe por rádio à Força Aérea encarregada oficialmente da investigação do fenômeno OVNI.
Truman: empecilho àqueles que desejavam ocultar o fenômeno UFO nos EUA.
Quando regressou a Washington, o almirante Kimball enviou um de seus ajudantes para consultar a Força Aérea sobre a ação tomando com base em seu depoimento. A resposta foi essa: "É contra as ordens discutir as análises dos casos OVNIs, mesmo nos de observações testemunhadas pessoalmente."
Esta resposta constituiu um indesculpável erro, pois Kimball era um osso duro de roer e de imediato ordenou que a Marinha iniciasse uma investigação própria do fenômeno OVNI.
Nessa investigação, os detalhes da observação foram controlados minuciosamente. Mais tarde, pesquisaram também o caso ocorrido com o fotógrafo da Marinha Delbert C. Newhouse, no dia 2 de julho de 1952 (o chamado caso Utah). Ele avistou e filmou um gru-po de doze ou quatorze OVNIs que manobravam em grande velocidade perto de Tremon-ton. A Marinha considerou este filme colorido como verdadeiro, julgando ser impossível simular as manobras que realizavam os OVNIs filmados.
Durante todo esse tempo, a CIA vigiou estreitamente o fenômeno OVNI e as operações da Força Aérea. Isto - segundo o que informou o almirante Hillenkoetter, ex-diretor da CIA , a Keyhoe - ocorria desde o ano de 1948, quando era diretor da Central de Inteligência.
Em 1952, sem conhecimento da Marinha nem da Força Aérea, a CIA estava solidamente empenhada em manter oculto o tema OVNI, e quando seus diretores tomaram co-nhecimento da investigação conduzida pela Marinha e das conclusões desta Arma sobre o "Filme de Utah", decidiram que deveriam colocar obstáculos ao almirante Kimball.
Sabendo que pressionar Kimball poderia fazer com que ele tivesse uma reação violenta e, em franco desafio, não só intensificasse a investigação como também decidisse dar publicidade a todas importantes evidências sobre a existência dos OVNIs que a Marinha possui, a CIA decidiu recorrer à intervenção do presidente dos Estados Unidos, Harry S. Truman, solicitando-lhe que ordenasse a Kimball o cessamento de suas investigações sobre o fenômeno OVNI.
No entanto, este plano falhou rapidamente, pois chegaram à conclusão de que provocariam a reação do presidente e, em seguida, de Kimball. Consequentemente, a CIA decidiu esperar a eleição presidencial de novembro.
A vitória do general Dwight D. Eisenhower aliviou a Central de Inteligência, pois o almirante Kimball seria evidentemente substituído por um republicano que decerto avitaria atritos entre a Marinha e a Força Aérea.
A eleição de Eisenhower garantiu maior liberdade de ação à CIA.
Mesmo com a situação controlada, a CIA sabia que outros problemas com a Marinha ainda poderiam acontecer. Como não considerasse a Força Aérea suficientemente forte para controlar a situação, o serviço norte-americano de espionagem decidiu tomar as rédeas do plano de ocultar o segredo, deslocando a Força Aérea e estabelecendo de vez uma estreita censura, para eliminar as crenças do público sobre os OVNIs.
Com esta finalidade, a CIA organizou uma reunião com a Força Aérea e um grupo de cientistas. Supunha-se que em tal reunião se faria um minucioso e objetivo exame dos informes e observações de OVNIs verificados.
"Na realidade", continua o major Keyhoe, "os cientistas escolhidos pela CIA como convidados para a reunião eram conhecidos como descrentes da existência dos OVNIs. A maioria, inclusive, não possuía nem o mais remoto conhecimento sobre o tema, e não pou-cos consideravam-no totalmente sem sentido."
Desde os agentes da CIA detinham plena autoridade, podendo limitar e ocultar as evidências, e conduzir os cientistas para um veredicto totalmente negativo, os diretores da Central de Inteligência não duvidaram que assim fosse ocorrer.
A maioria dos oficiais da Força Aérea do grupo se opunha ao segredo, pelo menos em caráter particular. Mas a CIA engenhosamente conseguiu convencê-los de que a preo-cupação verdadeira da Central de Inteligência era precisamente com relação à crescente censura, dizendo considerá-la perigosa.
Completamente desprevenidos sobre as verdadeiras intenções da CIA, os oficiais da Força Aérea esperavam que ela lhes apresentasse provas irrefutáveis da existência dos OVNIs, o que faria com que tanto os cientistas como os membros da Força Aérea e da Central de Inteligência se unissem para decidir terminar com o segredo. Mas isto não aconteceu.
Entre os oficiais da Força Aérea convidados à conferência encontravam-se o major Dewey Fournet, do Estado-Maior, que atuava como supervisor do Projeto OVNI, o capitão Edward J. Ruppelt e outros oficiais da Força Aérea: o general Wright-Patterson, dois coronéis da diretoria de inteligência e Albert M. Chop, encarregado do escritório de imprensa do Projeto OVNI.
Sem que a CIA suspeitasse, seis semanas antes da conferência o major Fournet e vários outros oficiais do Estado-Maior da Força Aérea trabalharam secretamente num plano destinado a desvendar o mistério OVNI perante o público. Dentro do grupo de trabalho citado encontrava-se o major Keyhoe, que trabalhava participando com alguns de seus inte-grantes, segundo declarou em seu livro.
Keyhoe disse que o plano desenvolvido lhe foi informado primeiro por Chop e mais tarde por Fournet e Ruppelt, e contou que ficou tão surpreendido que, à primeira vista, achou difícil de acreditar.
Durante o excitante ano de 1952, o major Fournet se destacou como a figura-chave na avaliação de centenas de relatos de observações e, na qualidade de controlador do Estado-Maior da Aeronáutica, teve a história completa dos OVNIs, convencendo-se de que o segredo devia acabar. Muitos dos altos oficiais da Força Aérea compartilhavam da sua opi-nião e o ajudaram a desenvolver seu projeto.
A chave do plano consistia numa conferência especial à imprensa, convocada sem anúncio prévio para evitar interferência.
A primeira coisa a ser mostrada aos jornalistas seria o filme de Utah. Depois da projeção, as conclusões e análises da Marinha sobre o filme confirmariam a existência dos OVNIs.
Desvendariam, com apoio de documentação indiscutível, os casos mais importantes, ou seja, aqueles relatados pelas testemunhas mais fundamentadas, sendo que alguns seriam confirmados pelos operadores de radar que os detectaram.
A conferência de imprensa teria como epílogo uma nova avaliação do fenômeno OVNI, que representaria os pontos de vista do departamento de inteligência da Força Aérea expostos pelo major Fournet, os quais sustentariam em todos os fatos analisados com o auxílio dos cientistas do projeto e dos oficiais técnicos de inteligência. A conclusão final declarada à imprensa seria: "Naves espaciais extraterrestres vigiam nosso mundo!"
Tudo estava planejado antes que a CIA programasse a conferência acima citada, e, consequentemente, o major Fournet decidiu manter o plano em segredo até o momento em que se realizassem os principais debates. Estava convencido de que os cientistas aceitariam as evidências do grupo da Força Aérea e estariam de acordo com a necessidade de preparar o país.
A conferência da CIA iniciou-se a 12 de janeiro de 1953, e foi controlada por três representantes da Agência - os agentes Philip G. Strong e Ralph L. Clark e os cientista Dr. Marshall Chadwell. Depois de cinco dias de conferências, as discussões terminaram com a vitória da CIA, que se opunha à divulgação do tema OVNI.
Com relação ao filme de Utah, declararam que os analistas da Marinha eram incom-petentes. Evitaram também discutir os casos de maior importância e ridicularizaram as tes-temunhas mais fundamentadas. Isto fez com que os cientistas que participaram da reunião reprovassem completamente o relatório de Fournet, disendo não haver a menor evidência da existência de naves interplanetárias. O mesmo ocorreu com um programa de Ed Ruppelt para instalar um sistema especial de detecção de OVNIs, vetado pelos representantes da CIA.
Por sorte, o grupo de Fournet não deixou transparecer nada do plano secreto que preparavam e, em fevereiro, trataram de realizar a conferência especial de imprensa. Pare-ciam a ponto de triunfar, mas...a CIA mobilizou-se, e no Pentágono, numa tarde desse mês, Albert Chop declarou a Keyhoe: "Arruinaram nosso programa: ordenaram o desenvolvi-mento de uma campanha nacional de ocultamento, inserindo artifícios jornalísticos e con-tratando programas de rádio e televisão para transformar em idiotas os autores de relatos de observações." Em seu livro, o major Keyhoe relata minuciosamente uma série de persegui-ções e pressões que a CIA exerceu sobre militares e aviadores, cientistas, altos funcionários do governo, cidadãos e, inclusive, sobre membros do Congresso. Pressões que, no caso de Ed Ruppelt, fizeram com que ele não só perdesse o emprego como também tivesse sua saú-de abalada, a ponto de o cientista acabar morrendo.
O major Fournet foi submetido a ordens precisas de não revelar nenhuma idéia de suas conclusões sobre os OVNIs, e seu relatório foi arquivado no Estado-Maior da Força Aérea como documento incompleto da Arma.
Keyhoe revela ainda que, sob a política imposta pela CIA, as testemunhas qualificadas da Força Aérea foram ridicularizadas brutalmente. Uma das vítimas desse política foi o comandante D.J.Blaqueslee, famoso herói da 2a Guerra Mundial que, enquanto voava com seu jato sobre o Japão, ouviu, pelos rádiopilotos de outros aviões da Força Aérea informa-rem à base sobre a presença de um OVNI. Guiado pelo radar terrestre, Blaqueslee localizou um OVNI com luzes giratórias de cores verde, vermelho e branco.
Depois de apagar as luzes de seu avião, o comandante tratou de se aproximar do OVNI, pois num primeiro momento, aparentemente, seu jato não fora notado pelos tripulantes extraterrestres. Mas quando iniciou a manobra para aproximar-se, a nave alienígena acelerou, afastando-se até desaparecer. Blaqueslee pôde observar o objeto pela Segunda vez., oportunidade em que, a fim de se aproximar, exigiu potência máxima de seu avião, fazendo com que o OVNI atingisse uma velocidade qualificada por ele como incrível e de-saparecesse completamente em menos de cinco segundos.
Em sua nova publicação, o major Keyhoe menciona uma grande quantidade de casos de suma importância, cuja divulgação foi possível graças à reação do grande número de oficiais da Força Aérea que tinham resolvido não acatar as imposições da CIA. Entre estes casos figura o que se relata a seguir:
O professor Henry Carlock, chefe do departamento de física da universidade de Mississippi, era também coronel da reserva da Força Aérea. Certa noite, em 1957, enquanto explorava o espaço com um telescópio de 100 aumentos, ele descobriu um OVNI que se deslocava sobre Jackson.
No relatório público que fez, descreveu o objeto como um dispositivo manobrável que possuía três grandes olhos-de-boi. Em Washington, um agente da CIA ordenou ao oficial de imprensa da Força Aérea que divulgasse um comunicado desmentindo o relatório do coronel Carlock, mas o oficial da Força Aérea negou-se a isto, dizendo que Carlock era um excelente astrônomo e que, se declarara ter visto um OVNI, era porque isto realmente acontecera. E disse ainda que jamais aceitaria a pretensão de ridicularizar Carlock tão creti-namente.
"Não importa o que você pensa", disse o agente da CIA. "Não há saída: você deve informar que se trata de uma ilusão"
Depois de uma violenta oposição, o oficial redigiu o relatório sobre o caso, mas não deixou que chegasse à imprensa.
E o major Donald E. Keyhoe relata, com todos os detalhes (incluindo nomes, cargos e datas), numerosos episódios em que acusa a CIA - exercendo assim pressão sobre legis-ladores, chefes das Forças Armadas e ainda sobre secretários de Estado - de Ter o propó-sito de esconder a verdade sobre os OVNIs. Conseguirá a CIA manter o mistério? O autor não acha possível, e acredita que rapidamente a verdade virá à tona.
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